A antecipação do começo do fundamental, para a maioria dos especialistas, não traz vantagens pedagógicas ao aluno. Além de habilidades cognitivas, como letramento ou domínio simples dos números, é importante a maturidade socioemocional. Ao ser adiantada, a criança pode ter problemas de convívio em classe, por exemplo.
“A escolarização à força não garante a aprendizagem”, alerta a ex-secretária de Educação Básica do Ministério da Educação, Maria do Pilar Lacerda. “Muitas vezes, a criança tem parte de sua alfabetização pronta, mas não sabe amarrar o sapato”, completa ela.
De acordo com a educadora, a transição é delicada porque os perfis das etapas são diferentes. A educação infantil é lúdica e o fundamental envolve mais aulas, com conteúdo e avaliações. “O aluno tem direito a ser criança, com a fase de brincadeiras”, aponta. Até 2006, o ingresso no fundamental era feito aos 7 anos.
Casos especiais. Sérgio Antônio Leite, professor da Faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), acredita que a medida somente é válida em situações raras. “Pode haver casos muito especiais, de crianças que têm desenvolvimento avançado, em que se justifica”, afirma. “Como padrão, acho que devem seguir a lei.”
A pressa em pular de ano, opina ele, costuma ser uma demanda das famílias, não do estudante. “Os pais, principalmente de classe média e alta, ficam ansiosos para que o filho comece antes, se prepare antes”, afirma o especialista em psicologia educacional.