O ChatGPT deixa professores assustados. Mas como a ferramenta pode ajudar nas escolas?

Educadores acreditam que ferramenta deve ser incorporada a um arsenal ‘crítico’ e servir também para a construção da autonomia

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Por Ocimara Balmant e Vanessa Fajardo
Atualização:

Ferramentas tecnológicas como o ChatGPT, capazes de automatizar tarefas, têm provocado transformações nas escolas. Se por meio desse sistema é possível produzir textos com linguagem similar à humana em poucos minutos, por que o estudante não pode recorrer a ela? Por outro lado, por que o professor está exigindo atividades deste tipo em pleno século 21, sabendo que há máquinas que podem cumpri-las?

Lançado em novembro do ano passado, o ChatGPT é um software desenvolvido com inteligência artificial capaz de criar histórias, escrever receitas, responder perguntas, produzir artigos, e mais uma infinidade de ações. Sendo assim, o sistema pode facilitar a vida do estudante que precisa, por exemplo, produzir um texto sobre a Revolução Industrial ou um artigo sobre as consequências do aquecimento global.

Tecnologias devem ser aproveitadas nas salas de aulas, e não proibidas, defendem educadores. Foto: Bandeirantes/Divulgação

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Educadores acreditam que o uso da ferramenta não deve ser proibido, e sim, incorporado ao cotidiano escolar. Para isso, será necessário que os professores também se adequem e mudem planejamento e objetivos das tarefas. “A inteligência artificial é um caminho sem volta, de disrupção. Foi assim como o smartphone no passado, não adiantou proibir seu uso. A sociedade precisa entender o papel da tecnologia: não vai substituir a mão de obra, mas pode servir como um apoio, uma ferramenta de trabalho”, afirma Gustavo Torrente, professor da FIAP.

Torrente acredita que o ChatGPT e a inteligência artificial podem ser utilizadas pelos educadores para o desenvolvimento de competências socioemocionais, como o pensamento crítico, analisando se o resultado final de um texto produzido satisfaz ou não e, ainda, fomenta o debate ético acerca das notícias falsas. Na Escola Lourenço Castanho, esta é uma das formas de utilização. “Fazer uma pergunta para o ChatGPT e pedir para o aluno avaliar se a resposta está adequada ou não é um dos usos na escola. Não podemos ignorá-lo ou proibi-lo, e sim, continuar investindo na leitura crítica, no repertório cultural, histórico e humano dos alunos para que eles tenham a criticidade do que vai ser produzido”, afirma Fabiana Antunes, diretora pedagógica da escola. “Cada vez mais a educação básica precisa investir em pensamento crítico, curadoria e repertório.”

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Fabiana explica que a preocupação da instituição em relação às novas tecnologias é o consumo, a criação e o compartilhamento dos conteúdos. “Nossos estudantes criam podcasts, vídeos, textos, cartazes. Temos de cuidar do equilíbrio, que a gente não substitua nenhuma experiência que seja representativa para o processo de desenvolvimento dos alunos, que as novas ferramentas venham agregar.”

BNCC

Educadora e diretora da Escola Lumiar, Graziela Miê Peres Lopes concorda que o sistema abre a possibilidade de desenvolver habilidades importantes nos alunos, como o pensamento crítico e a criatividade, competências previstas pela Base Nacional Comum Curricular (BNCC). “Incentivamos o uso de ferramentas como ChatGPT entre os estudantes até para que eles entendam seu funcionamento e saibam, por exemplo, se a fonte é confiável e sobre a necessidade de checar informações. Entendemos que esta é mais uma ferramenta que não é boa nem ruim, depende como o estudante vai usá-la. É como um martelo que pode ajudar na construção de uma casa, machucar alguém ou cair no pé da própria pessoa de forma acidental.”

Educadores defendem a inclusão do ChatGPT nas escolas e a utilização da inteligência artificial nas salas de aula. Foto: Colégio Lumiar

Para Graziela, a inteligência artificial abre possibilidades para que os educadores planejem tarefas considerando seu potencial para contribuir com a evolução do conhecimento e a construção da autonomia do estudante. “O ChatGPT pode ser útil para ajudar a economizar tempo em uma tarefa que não exige criatividade ou pensamento crítico. Com isso, o usuário pode usar a ferramenta para executar determinadas funções e ganhar tempo para se dedicar a produzir outras, mais significativas. Isso é positivo. O importante é aprender a usar”, afirma Graziela.

Gamificação

Na FIAP School a gamificação é uma estratégia utilizada para desafiar os alunos da educação básica a atuarem sobre problemas reais. Os estudantes precisam tirar uma ideia do papel e desenvolver uma série de check-points para a atividade multidisciplinar gamificada, ou seja, baseada em jogos. “Trabalhamos com desafios reais, assim não gera no aluno a dúvida: por que estou aprendendo isso? É uma forma de aplicarem, de fato, a teoria na prática. No ensino superior aplicamos desafios que envolvem problemas e empresas reais. Na educação básica, existem problemas de humanidade”, explica o professor Gustavo Torrente.

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Robô peixe desenvolvido na FIAP School tem capacidade de ajudar na limpeza e despoluição de rios. Foto: FIAP School/Divulgação

No ano passado, em uma dessas atividades, os alunos da FIAP criaram um “robô peixe” cuja função era ingerir o lixo encontrado no Lago do Parque da Aclimação, localizado próximo do colégio. Mesclando conhecimentos de diferentes áreas, desenvolveu-se um equipamento que foi aprovado, inclusive, pela administração do parque, que “encomendou” várias unidades para ajudar a despoluir o local.

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