Professores em greve se reúnem com reitora da USP

Estudantes e funcionários discutiram os próximos passos do movimento; 'trancaço' será na terça-feira

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Por Elida Oliveira
Atualização:

No primeiro dia de adesão à greve dos servidores da USP, iniciada há um mês, professores e estudantes estiveram reunidos com os funcionários para definir os próximos passos do movimento. A reitora Suely Vilela recebeu um grupo de 25 docentes que relataram, principalmente, sua insatisfação com a presença da Polícia Militar no câmpus. Os professores entregaram à reitora uma declaração com os resultados da assembleia que definiu a adesão à greve. O documento apresenta as três principais reivindicações da Adusp: a imediata reabertura das negociações dentre o Fórum das Seis e o Conselho de Reitores (Cruesp), implementação de uma política efetiva de permanência estudantil e a anulação da decisão do Conselho Universitário que modifica a carreira docente. "Cada professor levou um exemplo de como a atuação da PM no câmpus tem sido violenta", disse João Zanetic, professor de física e futuro presidente da Adusp. O grupo classificou como "intransigente" a atitude da reitora de chamar a PM para cumprir uma ação judicial de reintegração de posse da reitoria, que teve as entradas bloqueadas por funcionários. A permanência da PM na Cidade Universitária foi o principal motivo da adesão à greve decidida em assembleias organizadas pelo Sindicato dos Professores da USP (Adusp) e o Diretório Central dos Estudantes (DCE). Pela manhã, 20 estudantes de Artes Cênicas fizeram uma manifestação artística na frente da reitoria. Com roupas pretas e máscaras, encenaram a insatisfação com a presença dos policiais.  Estudantes de Artes Cênicas fazem nova manifestação artística contra a presença da PM (foto: Filipe Araújo/AE) À tarde, alunos, professores e funcionários se reuniriam, na sede do DCE para discutir a pauta unificada de reivindicações e os atos a serem realizados na próxima semana. Às 20h, representantes de cada curso também se reúnem para decidir como as paralisações serão feitas. O que já está decidido é que na terça-feira haverá uma grande mobilização, com a presença de alunos da USP, Unesp e Unicamp, além de um cortejo fúnebre simbólico da reitora Suely Vilela. A PM continua em frente ao prédio da reitoria, se revezando com a Guarda Municipal e, apesar da greve aprovada, a maior parte das atividades no câmpus ocorrenormalmente. Há docentes dando aulas e eventos  sendo realizados, como o 6º Congresso Internacional de Gestão de Tecnologia e Sistemas de Informação (Contecsi), na Faculdade de Economia e Administração, FEA. Nem todos os alunos concordam com o movimento de greve. Para o aluno do quinto ano do curso de Economia, que se identificou apenas como Daniel, de 22 anos, greves na USP não levam a nada. "Não tem lógica entrar em greve aqui na USP. Gerimos recursos fixos, destinados como parte da arrecadação do ICMS. O governo não tem como aumentar nossos recursos. Com estes protestos estamos indo contra nós mesmos, e não contra o governo", afirmou. Outros discordam da representatividade das decisões tomadas nas assembleias. Dois estudantes de Relações Públicas, que não quiseram se identificar, criticaram a falta de informação e desorganização do movimento estudantil. "Eles fazem assembleia e dizem que a maioria da ECA decidiu pela greve, mas que maioria? Quem vai lá tem a mesma opinião e não há discussão de diversos pontos de vista", disse um dos estudantes. "Eu não soube do dia que teria assembleia na ECA. Eles disseram que a maioria quis greve, mas não é verdade, eu não queria, e não estava lá para dizer", afirmou o outro. Para a estudante de Fonoaudiologia e membro do DCE Debora Manzano, 22 anos, há uma dificuldade histórica em unificar os estudantes, de diversos cursos, em uma mesma pauta. "Existe um grande setor da universidade que não adere à greve e não vai às assembleias para demonstrar seus pontos de vista. Mas quem vai é quem está disposto a discutir a pauta. Não é verdade que todos têm a mesma opinião." De acordo com Debora, na assembleia geral dos estudantes havia alunos da FEA dispostos a discutir as propostas e se posicionar. A mobilização continua no câmpus da USP. Alunos, professores e funcionários trabalham agora para não deixar a greve esfriar. Atos e mobilizações estão sendo planejados para a semana que vem. "O principal desafio para conseguirmos abrir os diálogos com a reitoria é mostrar a nossa força e mobilização", afirma Debora.

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