Apesar de o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), ter sido eleito com apoio de Jair Bolsonaro (PL), o secretário municipal de Educação, Fernando Padula, afirma que questões ideológicas não vão entrar nas escolas da rede municipal.
“A minha ideologia é da aprendizagem. Extrema esquerda ou extrema direita, se quiser discutir questões ideológicas, para lacrar na rede social, faz na Câmara Municipal”, afirma.
Amigo pessoal de Bruno Covas (antecessor de Nunes, morto em 2021), ele deixou o PSDB no ano passado e foi mantido por Nunes após a reeleição. Isso ocorreu mesmo após enfrentar críticas sobre os resultados no ensino da capital durante a campanha e com pressões da ala bolsonarista para mudanças.

“Não teve negociação política, o prefeito blindou a educação e reconduziu um secretário técnico. Durante quatro anos, ele deu autonomia para a secretaria tocar o trabalho”, afirmou em entrevista ao Estadão. “O que o prefeito quer é a aprendizagem, é o resultado. É criança alfabetizada, é criança aprendendo. Só assim vamos romper o ciclo de pobreza, não é fazendo discussão ideológica.”
Antes mesmo da volta do recesso da Câmara nesta semana, vereadores de direita de São Paulo intensificaram esforços para que Nunes implemente uma agenda cultural mais conservadora em seu segundo mandato.
Por ora, os projetos apresentados são mais ligados à secretaria da Cultura, mas há também um plano de proibir, por exemplo, “músicas com conteúdo pornográfico, violento e de apologia às drogas nas escolas municipais”.
Padula diz que durante os quatro anos em que esteve na secretaria nunca teve demandas desse tipo nem do prefeito nem da Câmara. “Não tem por que acreditar que agora vai ter. Essa é uma discussão de outros lugares, não de São Paulo.”
Na entrevista, ele disse ainda que pretende fazer parcerias com escolas de elite, como Dante, São Luís ou Santo Américo, para melhorar a aprendizagem de colégios municipais. A ideia é que instituições de ensino sem fins lucrativos assumam a gestão e a contratação de professores de 50 unidades da Prefeitura que têm pior desempenho.
Padula também promete ter todas as crianças alfabetizadas no 2º ano do fundamental até o fim do mandato do prefeito. Hoje, segundo indicador do Ministério da Educação (MEC), está em 37%. “Vou trabalhar para isso obsessivamente. Daqui a quatro anos a gente conversa.”