PUBLICIDADE

Sindicatos e instituições repudiam declaração de ministro da Educação

Associação de docentes da Unifesp, onde Abraham Weintraub leciona, considerou a afirmação 'inadmissível'; postura de Jair Bolsonaro em compartilhar vídeo que incentiva filmagem de professores também foi criticada

PUBLICIDADE

Após a declaração do Ministro da Educação Abraham Weintraub no último domingo, 28, quando afirmou que seria “direito dos alunos” filmar professores em sala de aula, sindicatos e associações de professores se manifestaram nesta segunda-feira, 29, contra a postura do governo federal.

O presidente Jair Bolsonaro também compartilhou um vídeo em suas redes sociais no domingo, onde mostrava uma suposta aluna debatendo com uma professora a respeito de discurso ideológico. A responsável pela filmagem é filiada ao PSL e chegou a cogitar uma candidatura para deputada estadual.

Ministro Abraham Weintraub durante entrevista no Planalto Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO

PUBLICIDADE

Em nota, a Associação dos Docentes da Universidade Federal de São Paulo (Adunifesp), onde o ministro lecionava, considerou as afirmações “inadmissíveis”. “Suas declarações não nos representam enquanto docentes da Unifesp, pelo contrário, violam todos os princípios de atuação da universidade pública junto à população, de compromisso com o diálogo, diversidade, e formação de qualidade”.

A entidade também declarou sentimento de “indignação e repúdio” tanto ao ocorrido do fim de semana quanto às retaliações do ministério da Educação em desviar investimentos dos cursos de Filosofia e Sociologia em instituições federais de ensino superior. “Não se trata de doutrinação, mas de incentivo à postura crítica e ao debate de ideias. Não se trata de direito de filmar, mas de violência contra o professor e professora, interrompendo o processo de ensino-aprendizagem e encerrando o diálogo”.

Para a diretora do Sindicato dos Professores de São Paulo (SINPRO-SP), Sílvia Barbara, o incentivo à gravação de aulas com o objetivo de expor o professor “é uma atitude que incentiva o ódio e o denuncismo em sala de aula”. A professora alerta que conflitos em sala de aula são comuns, e devem ser resolvidos dentro do ambiente pedagógico. “A sala de aula reproduz o que acontece na sociedade. É um espaço de conflito. A gente tenta educar para lidar com conflito, para que as pessoas, ao saírem da escola, não sejam intolerantes. Está acontecendo o contrário”.

A deputada estadual pelo PT em São Paulo e presidente do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (APEOESP), Maria Izabel Azevedo Noronha, lamenta as atitudes do presidente da República e dos dois ministros da Educação no governo atual (Ricardo Vélez Rodríguez foi exonerado no início do mês). “Existe uma questão central de atacar os professores ao oferecerem aos alunos a consciência crítica. Nós trabalhamos a pluralidade de ideias e conceitos pedagógicos. Cabe aos alunos escolher”.

O presidente da Federação dos Professores do Estado de São Paulo (FEPESP), Celso Napolitano, afirmou que “considera como assédio qualquer tentativa de cerceamento da liberdade de cátedra – especialmente com a tentativa de estimular a gravação e veiculação de aulas. A gravação de aulas sem autorização é ilegal e atenta também contra a liberdade de cátedra dos docentes”.

Publicidade

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.