SÃO PAULO - Candidatos que tentam uma vaga em universidade pública pelo Sistema de Seleção Unificada (Sisu) relatam na tarde desta sexta-feira, 24, ter encontrado mais uma falha no processo. Nas redes sociais, há centenas de relatos que dizem ter identificado que o sistema está contabilizando as notas dos estudantes para as duas opções de curso, o que elevou as notas de corte.
Em vídeo publicado em sua página pessoal e na página oficial do MEC, o ministro Abraham Weintraub acusou os autores dos relatos de erros de "serem ligados a um partido radical de esquerda" e disse que há "muita gente maldosa, que tem interesse em fazer terrorismo, espalhando mentira". O ministro não explicou se o Inep e MEC têm apresentado respostas e tirado dúvidas dos candidatos que fizeram questionamentos sobre o sistema e possíveis falhas.
O sistema permite que cada candidato escolha dois cursos, utilizando a nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Quando ele tem nota suficiente para ser classificado na primeira opção, ele é desconsiderado para a segunda. Ou seja, sua nota não é utilizada para calcular a nota se corte do curso da segunda opção.

Se o estudante é classificado na primeira opção (ainda que temporariamente), ele não é considerado "classificado" para a segunda. A falha, segundo os estudantes, está ocorrendo porque algumas notas estão sendo consideradas para as duas opções.
No vídeo publicado pelo ministro, um funcionário da Secretaria de Educação Superior (Sesu) minimiza a situação apontada pelos candidatos e diz que o boletim mostra as duas opções escolhidas e a classificação em que o participante aparece em cada uma delas.
A identificação da falha fez com que o termo "erro no sisu" fosse um dos termos mais comentados no Twitter na tarde desta sexta. Na terça-feira, 21, quando o sistema foi aberto, os estudantes reclamaram durante todo o dia de instabilidades na plataforma e dificuldade de realizar a inscrição.
Falha
Na sexta-feira passada, 17, quando foram divulgadas as notas do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), os estudantes encontraram uma falha na correção da prova. Após a denúncia, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep), órgão responsável pela prova, diz ter feito uma rechecagem em todas as 4 milhões de provas e encontrado erro na correção de 5.974 estudantes.
A falha fez com que o MEC recebesse ao menos 17 ações judiciais com pedidos de revisão das notas - e já houve ao menos duas liminares favoráveis a estudantes.
As falhas na impressão, segundo a explicação da gráfica Valid, resultaram na correção das provas com gabaritos de versão diferente. O primeiro erro teria ocorrido durante a impressão, com os códigos de barra de identificação do gabarito, que relaciona o candidato à cor da prova feita por ele. A segunda falha ocorreu em um sensor de leitura dos cadernos de prova.