Unicamp aprova de corte gastos para não prejudicar atendimentos e pesquisa

Na linha de frente no combate à covid-19, universidade em Campinas congela novas contratações e reduz despesas para economizar R$ 72 milhões e minimizar impacto de queda de R$ 275 milhões na receita

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O Conselho Universitário (Consu) da Unicamp, em Campinas (SP), aprovou um plano de cortes gerais de gastos, que congela novas contratações de professores e pesquisadores e prevê economia de R$ 72 milhões, para reduzir os impactos com a queda de receita prevista, por conta da pandemia do novo coronavírus. E não haver prejuízo para os serviços de atendimento e nas pesquisas.

Entrada da Unicamp Foto: Nilton Fukuda/Estadão

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Os cálculos iniciais do governo do Estado de São Paulo, que indicavam queda de R$ 172 milhões no valor do repasse do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) – principal fonte de recursos da universidade -, foram refeitos e o rombo será de pelo menos R$ 275 milhões. O plano foi aprovado em reunião do Consu da Unicamp na terça-feira, 12. “Por mais que a gente faça um esforço, e é difícil economizar R$ 72 milhões, ainda é muito abaixo dos R$ 275 milhões”, afirma o reitor da Unicamp, Marcelo Knobel.

As três universidades públicas de São Paulo, a USP, a Unicamp e a Unesp, têm sofrido com essa queda de receita e já solicitaram ao governo estadual parte dos valores repassados pela União para o Estado no pacote de enfrentamento à pandemia da covid-19. O Conselho de Reitores das Universidades Estaduais Paulistas (Cruesp), presidido pelo reitor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), Sandro Roberto Valentini, tem discutido com o governo do Estado repasses extras para o combate da pandemia e manutenção das forças-tarefas criadas para pesquisas e atendimentos de saúde. 

“A situação exige medidas drásticas”, lamenta o reitor. “Estamos observado, porque esse valor previsto é considerando que logo a economia voltará, mas na verdade a gente não sabe quanto tempo a pandemia vai durar.” Internamente, a universidade trabalha com um corte de receita ainda mais drástico, de R$ 300 milhões.

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Como a USP e a Unesp, a Unicamp tem atuado na linha de frente do combate ao novo coronavírus. O HC é um dos poucos centros de referência para atendimento de alta complexidade no interior. Em outra frente, toda produção científica, pesquisas de fármacos, reagentes para testes, estudos e desenvolvimento de tecnologia para mapear e enfrentar os danos que a covid-19.

Cortes. A Unicamp tem um agravante em relação às dificuldades financeiras em relação à USP e Unesp: o custo do Hospital das Clínicas, em Campinas (SP), e demais áreas de saúde do campus entram no orçamento da universidade, já deficitário – a receita inicialmente prevista para 2020 era de R$ 2,5 bilhões para R$ 2,7 bilhões de despesas. Na USP, o custeio do HC fica hora do orçamento da universidade, sendo atrelado à Secretaria Estadual de Saúde.

O plano de contingenciamento congela todas as novas contratações de professores e pesquisadores – a proposta inicial era de corte de 80% -, progressão na carreira dos já contratados, e cortes gerais, como 25% nas despesas de custeio das unidades, revisão de contratos de água e luz, restaurantes, transporte, limpeza, jardinagem, entre outros.

Segundo o reitor, a Unicamp tem sobrevivido nessa pandemia com doações – feitas pela Justiça e por empresários – e consumido quase 100% da receita para pagar os funcionários.

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“Todo recurso hoje tem sido usado para pagamento da folha de servidores, estamos lutando para não ficar inadimplente”, afirma Knobel. “Estamos fazendo de tudo para evitar que as atividades não sejam prejudicadas, mas certamente há riscos. Não aguentamos muito tempo nessa situação.”

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