A exemplo de outros eventos que não foram realizados em razão da pandemia, as atividades organizadas pelas universidades para marcar o início do semestre letivo e a recepção aos calouros também não ocorrerão presencialmente. As instituições vão ter o desafio de fazer essa integração dos novos alunos ao ambiente e à rotina acadêmica de maneira virtual.
“As tradicionais ações de recepção dos calouros devem ser adaptadas para os meios digitais, em ações de teleacolhimento”, diz Célia Maria Giacheti, pró-reitora de Graduação da Universidade Estadual Paulista (Unesp). “Vamos respeitar as especificidades de cada curso e buscar fórmulas criativas para acolher nossos estudantes e recepcionar os calouros da melhor maneira possível para o ano letivo de 2021.”
Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), a recepção aos ingressantes vai envolver professores, estudantes e todas as instâncias da universidade, tudo no formato virtual. “Nós já temos uma experiência maior com o acolhimento no contato remoto, mas continua sendo um desafio, pois somos prioritariamente presenciais e entendemos que nossos processos formativos também devem ser assim. Geralmente, temos uma semana de recepção aos calouros para eles conhecerem a universidade, o curso, os professores e os recursos que a universidade oferece. Tudo isso vai acontecer, mas de maneira digital”, diz Isabel Hartmann de Quadros, pró-reitora de Graduação da Unifesp. “Também incluiremos como trabalhar com os ambientes virtuais de aprendizagem, para eles terem acesso a todas as aulas que virão.”
Marcelo Knobel, reitor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), reforça essa ideia. “Infelizmente, não teremos condições de receber os estudantes presencialmente, pois é hora de colocar em primeiro lugar a saúde e o bem-estar de todos. É uma pena eles não poderem vivenciar esse aspecto tão importante que é a vida universitária, a vida no campus e conhecer os colegas. Infelizmente, a realidade se impõe e precisamos trabalhar com ela.”
De acordo com o reitor, as unidades acadêmicas e os professores vão fazer o acolhimento, trabalhando de forma remota e buscando canais de comunicação mais efetivos com o serviço de apoio ao estudante, com a pró-reitoria de graduação e com os centros acadêmicos das unidades. E, nos encontros por meios virtuais, terão prioridade a troca de experiência e a possibilidade de as pessoas se conhecerem, discutirem e falarem, e não apenas apresentações de professores.
Ainda segundo o reitor da Unicamp, a orientação é que as atividades didáticas sejam feitas de maneira remota no primeiro semestre de 2021. A situação da pandemia está sendo acompanhada e, se houver a possibilidade de algum retorno, a prioridade será para atividades que exijam presencialidade. Por exemplo, alunos que estão no último ano e que precisam de algumas horas de atividade prática para se formar. “Cada unidade vai avaliar sua prioridade e a maneira de realizar essas atividades para evitar qualquer tipo de contato e risco de contaminação”, afirma Knobel.
A Universidade Federal do ABC (Ufabc) já passou pelo desafio de receber calouros, uma vez que os ingressantes do ano letivo de 2020 iniciaram as aulas em setembro, em meio à pandemia.
Neste ano, segundo a pró-reitora, provavelmente será seguida a programação feita no ano anterior. Foi organizado um calendário totalmente virtual, que contou com a colaboração de diversos setores da universidade. Os estudantes também tiveram acesso a uma série de lives e newsletters, abordando aspectos da vida universitária. Além disso, foi ofertado o curso Introdução aos Bacharelados e Licenciaturas Interdisciplinares, que são os cursos de ingresso na instituição. Também ocorreram oficinas específicas oferecidas pelos cursos. “A expectativa é de que possamos aprimorar e ampliar essas iniciativas, agora com mais tempo de planejamento”, afirma Paula Ayako Tiba, pró-reitora de Graduação da UFABC.
A pró-reitora também cita o projeto Q0, com jogos relacionados a pró-reitorias e estruturas administrativas da UFABC, identificação das entidades estudantis, acesso à biblioteca e principais informações sobre os campi da universidade. “O aluno cria um avatar, passeia pelos campi, entra em salas e conversa com atendentes virtualmente. Esse projeto teve uma relevância excepcional neste momento de ensino remoto e impossibilidade de presença física nos campi.”
Incertezas marcam volta às aulas
Com o agravamento da pandemia da covid-19 no Estado de São Paulo, a volta às aulas nas universidades públicas paulistas deve ocorrer integralmente de maneira remota. As instituições elaboraram, ainda em 2020, seus planos de retomada das atividades presenciais, mas eles estão suspensos por enquanto, aguardando o momento em que o retorno seja possível.
As datas de início do primeiro semestre letivo de 2021 também vão sofrer atrasos devido à crise sanitária e ao adiamento dos processos seletivos e do próprio Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) que, neste ano, estão sendo feitos ao longo de janeiro e fevereiro.
A Universidade de São Paulo (USP), por exemplo, que além do vestibular da Fuvest utiliza o Enem via Sistema de Seleção Unificada (Sisu), do Ministério da Educação (MEC), vai começar as aulas em 12 de abril. Na Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o início das atividades pedagógicas também será em abril (13/4) para os veteranos, mas a previsão para os calouros é o dia 5 de maio.
Na Universidade Federal do ABC (UFABC), os novos alunos iniciarão o ano letivo apenas em 13 de setembro. Na instituição, que tem o calendário organizado em quadrimestres, as aulas para os calouros normalmente começam por volta de maio, no segundo quadrimestre do ano, a tempo de aguardar o resultado do Enem e do Sisu e realizar todas as chamadas dos convocados.
“Neste ano, excepcionalmente, os calouros começarão as aulas no terceiro quadrimestre, dado todo o cenário de incerteza, tanto epidemiológico quanto do próprio MEC com relação ao Enem e ao Sisu”, diz Paula Ayako Tiba, pró-reitora de Graduação da UFABC. Os veteranos, contudo, retornam em 1º de fevereiro, no formato remoto.
Segundo a pró-reitora, os parâmetros epidemiológicos e os dados atuais de contaminação e de propagação do coronavírus não permitem prever a data para a retomada das atividades presenciais. Assim, a instituição definiu que as atividades didáticas do primeiro (1º de fevereiro a 24 de abril) e do segundo (24 de maio a 14 de agosto) quadrimestres de 2021 seguirão a distância.