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Exatamente cinco meses depois da melhora da perspectiva de rating (classificação de risco) do Brasil, a agência de classificação de risco Moody’s decidiu elevar a nota do País — de Ba2 com perspectiva positiva, para Ba1, um grau abaixo do grau de investimento — e manteve a perspectiva positiva. A instituição se adiantou às concorrentes — Fitch e Standard & Poor’s (S&P) — que com ela formam as Big 3 no setor. Apesar da melhora do rating pela Moody’s, nas três agências, o País segue como um mercado de investimento de grau “especulativo”, que antecede o primeiro nível do selo de bom pagador. "O próprio ministro Fernando Haddad admite que a questão fiscal ainda é um empecilho para a recuperação do Grau de Investimento. O Brasil melhora e é uma boa notícia, mas é surpreendente. O que impulsionou foi o crescimento da Economia. O ano começou com previsão de crescimento baixo e chega ao fim com previsão de crescimento significativo. O governo é gastador e a questão agora é controlar gastos e garantir arrecadação. O recado de Haddad é mais para o Governo que para todo o País", avalia Cantanhêde.
O Senado e a Câmara dos Deputados trabalham na construção de um consenso para o principal texto da regulamentação da reforma tributária. A ideia é que o projeto de lei complementar (PLP) 68/2024 seja aprovado pelos senadores e volte para a Câmara em uma aprovação final sem mudanças de mérito, que obrigariam a proposta a retornar ao Senado. O acordo é costurado pelo relator do projeto no Senado, Eduardo Braga (MDB-AM), com o relator do texto na Câmara, Reginaldo Lopes (PT-MG), e deputados que participaram do grupo de trabalho sobre a proposta. O objetivo é concluir a votação no Congresso neste ano, já que faltam duas semanas para o recesso de fim de ano do Legislativo. "A reforma do ano passado foi comemorada 'com rojões', porque ocorreu depois de décadas, e depois disso pensamos que a regulamentação seria rápida. Mas passou o primeiro semestre, entrou o segundo e, sob pressão do governo para aprovação antes da eleição, o Congresso disse que ficaria para depois. Agora já estamos em dezembro, com o recesso vindo aí. Hoje, é possível que o relatório do Braga comece a ser apresentado - 'aos 48 do segundo tempo, ao menos uma parte dela", diz Cantanhêde.
O presidente Lula disse, durante evento no Mato Grosso do Sul, que a líder do FMI (Fundo Monetário Internacional), Kristalina Georgieva, deveria "saber de tudo menos de economia", por ter insinuado que a economia do Brasil teria crescimento de apenas 0,8% em 2023. Em seguida, o presidente citou os dados da correção do crescimento do PIB brasileiro de 2023, publicado na terça-feira pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que mostrou um crescimento de 3,2%. "A pesquisa Genial Quaest foi uma bomba; 90% do Mercado rejeitam o Governo Lula e dizem que a Economia está indo no rumo errado. A popularidade de Haddad no setor caiu a 41% até aqui. Agora o Governo 'pega em armas' para se defender e ganhou um reforço importante do IBGE com os efeitos das políticas econômica e social para a redução expressiva da miséria no Brasil. A Economia está indo maravilhosamente bem? Não. Mas também não está no fundo do poço. Há vários tons de cinza entre o céu e o inferno", diz Eliane.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula Von der Leyen, participará da reunião dos países do Mercosul que ocorre na sexta-feira, 6, em Montevidéu. A viagem da líder europeia à América do Sul para a reunião sinaliza que União Europeia e Mercosul pretendem anunciar a conclusão do acordo de comércio entre as duas regiões. A ida de Von der Leyen ao Uruguai foi confirmada ao Estadão na madrugada desta quinta-feira. Pela manhã, ela anunciou na rede social X que havia pousado em Montevidéu. "A vinda não estava prevista, mas sinaliza que há uma forte possibilidade do acordo sair ainda este ano - como o presidente Lula já disse. É, também, um recado para os países da UE, uma vez que a França, por exemplo, vem sendo o maior obstáculo para fechar o acordo", diz Eliane.
A votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 3/2022, que ficou conhecida como a “PEC das Praias”, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado, prevista para esta quarta-feira, 4, deve ser adiada devido a um pedido de vista de parlamentares do PT, contrários à proposta. De acordo com o senador Humberto Costa (PT), senadores do partido pedirão mais tempo para avaliar o texto, prorrogando a votação por pelo menos uma semana. "A PEC foi debatida em maio e a repercussão foi tão negativa que a tramitação parou, mas, desde então, o assunto continua sendo discutido nos bastidores. É uma forma cruel de exclusão dos pobres brasileiros. Carnaval e praias são os momentos e locais nos quais esquecemos a profunda desigualdade social do Brasil", opina Eliane.
A maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) manteve a decisão do ministro-relator Flávio Dino que autorizou nesta segunda-feira, 2, o pagamento das emendas parlamentares que estava suspenso desde agosto deste ano por falta de transparência na autoria e na destinação dos recursos feita por deputados e senadores. "As emendas são legítimas, mas os números de momento estão fora de qualquer razoabilidade; é um escândalo. Dino exigiu o mínimo: transparência e rastreabilidade. Estamos no apagar das luzes de 2024 e tem muita negociação, por exemplo, no pacote de gastos. Um acerto entre os Poderes para os limites das emendas tem a ver com as negociações feitas entre Judiciário, Congresso e Executivo", afirma Cantanhêde.