As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O Consórcio Brasil Verde, união de governadores para tentar compensar a falta de norte da política ambiental do presidente Jair Bolsonaro, “é um movimento que surgiu no vácuo do governo federal”, afirma o presidente da coalizão, Renato Casagrande. A iniciativa conta até agora com o apoio de 22 governadores e deve representar todos os 26 estados mais o Distrito Federal até o início da COP 26 em Glasgow, no Reino Unido.
Em entrevista à Rádio Eldorado, o governador do Espírito Santo também prevê como últimos passos burocráticos a definição do valor de contribuição anual dos Estados e a aprovação da adesão ao consórcio pelas Assembleias Legislativas dos estados até a primeira quinzena de novembro. As casas de leis de cada unidade federativa devem aprovar a participação dos estados no grupo.
As propostas de Donald Trump para as guerras entre Israel e o Hamas e entre a Rússia e a Ucrânia deixam até mesmo tradicionais aliados dos EUA insatisfeitos e podem aumentar a tensão nas duas regiões. A avaliação é da doutora em Relações Internacionais Karina Calandrin, que também é professora do Ibmec-SP. Em entrevista à Rádio Eldorado, ela disse que a ideia de Trump de retirar palestinos de Gaza “é de fato uma política de limpeza étnica e pode prejudicar ainda mais o cessar-fogo”. Karina também ressaltou que a negociação de Trump somente com a Rússia, sem a participação da Ucrânia, vai colocar os aliados europeus em oposição aos EUA.
Pela segunda vez nesta semana, o presidente Lula defendeu publicamente a perfuração de um poço exploratório na Bacia da Foz do Amazonas, na Margem Equatorial, pela Petrobras, reforçando uma crise aberta contra o Ibama, o órgão do governo responsável pela concessão do licenciamento ambiental das pesquisas de exploração. Antes, ele já havia chamado de “lenga-lenga” a demora da autorização. Em entrevista à Rádio Eldorado, a coordenadora de Políticas Públicas do Observatório do Clima, Suely Araújo, que presidiu o Ibama de 2016 a 2018, criticou a intenção de explorar um combustível fóssil em tempo de transição para energias mais limpas, mas disse que o órgão não interfere na política do governo para o setor, apenas cobra da Petrobras a comprovação de capacidade para gerenciar acidentes. “É uma região com fortes correntes. Em caso de acidente, em poucas horas o óleo vai estar em águas de outros países”, afirmou.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal, suspendeu nesta semana uma decisão do Tribunal de Justiça de Minas Gerais que autorizou o pagamento retroativo de auxílio-alimentação ao juiz Daniel de Carvalho Guimarães. Em sua decisão, o ministro classificou a concessão de benefícios a magistrados, fora do teto do funcionalismo público, como “inaceitável vale-tudo”. A Constituição limita o subsídio do funcionalismo público ao que ganha um ministro do STF, o que hoje corresponde a R$ 44 mil de remuneração bruta, mas magistrados recebem auxílios que não entram no cálculo. Em entrevista à Rádio Eldorado, o professor da FGV-SP Rafael Viegas, que também é pesquisador da Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, disse que a autonomia administrativa e financeira do Poder Judiciário precisa ser assegurada, mas apontou um “corporativismo predatório” em decisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) favoráveis às concessões dos chamados “penduricalhos” nos salários dos juízes.
A onda de calor que atinge o Sudeste do Brasil deve se estender pelo menos até o próximo dia 21 de fevereiro, com temperaturas em torno dos 35 graus na capital paulista e beirando os 40 no interior de São Paulo. A informação foi dada hoje pela meteorologista da Climatempo Patrícia Cassoli, durante entrevista à Rádio Eldorado. Acompanhe aqui os detalhes da previsão do tempo para os próximos dias.
Um estudo publicado na revista científica britânica Nature Sustainability revela os padrões de perda de florestas maduras na Mata Atlântica, destacando a necessidade urgente de ações para conter o desmatamento e proteger o bioma. O levantamento identificou mais de 14 mil polígonos de desmatamento entre os anos de 2010 e 2020, que somam uma perda de 186.289 hectares – uma área correspondente a quase 200 mil campos de futebol. A maioria das ocorrências se deu em pequenas áreas de propriedades privadas e com indícios de ilegalidade. A pesquisa, conduzida por uma equipe de especialistas da Fundação SOS Mata Atlântica, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e da Universidade de São Paulo (USP), analisou pela primeira vez os padrões espaciais e temporais do desmatamento entre 2010 e 2020, considerando a sua distribuição geográfica, tamanho, perfil fundiário e uso da terra após o desmatamento. O estudo identificou dois grandes locais de desmatamento: um entre Bahia e Minas Gerais e outro entre Paraná e Santa Catarina, onde a conversão das áreas para pastagens e agricultura tem impactos graves para a biodiversidade e o clima. Em entrevista à Rádio Eldorado, o diretor-executivo da Fundação SOS Mata Atlântica, Luís Fernando Guedes Pinto, defendeu o fortalecimento da fiscalização e alertou para os riscos climáticos causados pelo desmatamento. “O desmatamento é combustível para eventos extremos”, afirmou.