As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O Brasil registra 2.758 focos de incêndio nesta sexta-feira, segundo dados do sistema Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe). A Amazônia concentra a maior parcela das ocorrências, com 1.158. O Estado do Mato Grosso teve o maior número de queimadas, com 933 focos em 24 horas, seguido por Pará (415) e Amazonas (282). Entre os dias 1º e 6 de setembro, o País registrou 20.734 focos de incêndio com incidência de fogo em todos os seus seis biomas. Nesta semana, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, alertou que o Pantanal pode desaparecer até o final do século. Durante uma audiência no Senado, ela destacou a necessidade de resolver problemas relacionados às mudanças climáticas, como aquecimento global, queimadas e desmatamento. Em entrevista à Rádio Eldorado, o climatologista Carlos Nobre, pesquisador colaborador do Instituto de Estudos Avançados da USP e Copresidente do Painel Científico para a Amazônia, apontou a ação humana como principal causa, inclusive criminosa, de incêndios. Ele também indicou como causas do calor e do tempo seco o agravamento de condições climáticas, como o El Niño e o aquecimento do Oceano Atlântico ao norte do Equador. Carlos Nobre defendeu ações conjuntas dos países para conter a emissão de gases que contribuem para o aquecimento global. Questionado sobre o alerta de Marina Silva, o cientista confirmou que o Pantanal corre “risco verdadeiro” de desaparecer, mas disse que, antes, isso pode ocorrer com “grande parte da Floresta Amazônica, até 2050″.
A área de vegetação atingida pelas queimadas no Brasil foi de 22,38 milhões de hectares de janeiro a setembro deste ano, o que representa um crescimento de 150% em relação ao mesmo período de 2023 e equivale ao território do Estado de Roraima. O levantamento, feito pelo Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostra que mais da metade da área queimada no Brasil fica na Amazônia. Mato Grosso, Pará e Tocantins são os Estados que concentram a maior parte das queimadas. Em entrevista à Rádio Eldorado, a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, que também é diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, disse que setembro foi o pior mês e apontou como principais causas a seca extrema e o uso do fogo na agropecuária. “O fogo é colocado por pessoas, não é de origem natural”, afirmou.
O furacão Milton atingiu a costa sudoeste da Flórida, nos Estados Unidos, às 21h30 de ontem (pelo horário de Brasília), com ventos de até 205 quilômetros por hora e chuvas torrenciais. A tempestade de categoria 3, em um escala que vai até 5, tocou a terra na região de Sarasota. Depois, foi rebaixado para a categoria 2 e em seguida para a 1, mas ainda causando muitos estragos. Mais de 2 milhões de imóveis ficaram sem energia logo após a chegada do furacão à Flórida. Um dos afetados foi o jornalista brasileiro Eduardo Baldaci, que mora na região do Cabo Canaveral. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele relatou a ocorrência de ventos de até 120 km/h e a falta de energia elétrica desde o fim da tarde de ontem.
Em setembro, o uso da capacidade da indústria como um todo, medido pela Sondagem da Indústria de Transformação da Fundação Getúlio Vargas (FGV), foi de 83,4%. Esta é a maior marca desde maio de 2011, quando o índice foi de 83,6%. A capacidade de produção de uma indústria representa a quantidade de equipamentos, pessoas e outros recursos necessários para fabricar um determinado produto. Se a demanda for maior que a capacidade da empresa, os preços podem subir, por exemplo. Isso fez acender o sinal de alerta e trouxe à tona a discussão sobre até que ponto a economia brasileira está preparada para crescer sem gerar pressões inflacionárias, o que impacta na alta dos juros pelo Banco Central. Em entrevista à Rádio Eldorado, o economista Cláudio Considera, coordenador de Contas Nacional do FGV-Ibre, disse que a indústria brasileira de transformação precisa de mais políticas públicas para investir e ser mais competitiva.
O presidente nacional do PSD, Gilberto Kassab, não acredita na possibilidade nacionalização do segundo turno das eleições municipais em São Paulo, apesar do apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro a Ricardo Nunes (MDB) e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva a Guilherme Boulos (PSOL). Em entrevista à Rádio Eldorado, ele disse que a nova etapa não será diferente do primeiro turno, quando houve pouca participação dos “padrinhos” políticos de Nunes e Boulos. “A grande diferença do segundo turno é que os eleitores vão conhecer os candidatos com mais profundidade. O candidato quase fica nu diante do eleitor”, afirmou Kassab nesta quinta-feira. Ele destacou como fundamental para Nunes o apoio de Tarcísio de Freitas, mas disse que o governador paulista não entrou ideologicamente na campanha nem fará distinção no relacionamento com Boulos caso o candidato do PSOL seja o eleito. Na entrevista, Kassab também negou que o PSD tenha feito um “ataque especulativo” ao PSDB, como sugeriu o presidente nacional da legenda, Marconi Perillo, ao comentar o mau resultado da agremiação nas eleições e a perda de filiados. Ele não considerou a fala de Perillo como agressão. “O PSDB foi perdendo musculatura e não se renovou. Os que saíram iam sair de qualquer maneira. O crescimento do PSD não foi às custas do PSDB”, enfatizou.
A chegada do furacão Milton, prevista para a madrugada de amanhã, provocou ontem um dos maiores êxodos da história do Estado da Flórida, no sudeste dos Estados Unidos. Milhões de moradores em fuga causaram engarrafamentos gigantescos nas estradas e esgotaram os estoques de combustíveis da região. Segundo o presidente americano, Joe Biden, o Milton será o “pior furacão a atingir a Flórida em cem anos”. A região de Tampa Bay, que está na rota da tempestade, tem mais de 3 milhões de habitantes. O furacão foi classificado na categoria 5, a mais alta da escala. Em entrevista à Rádio Eldorado, direto de Davenport, a 20 minutos da Disney, o publicitário brasileiro João Mendes disse que por enquanto, ainda sem uma ordem de evacuação, decidiu ficar em casa com a esposa, grávida de sete meses. Ele conta que já há falta de suprimentos nos supermercados.