As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O governo federal foi alertado desde o início do ano sobre a seca e o risco de incêndios florestais no Brasil. Uma série de documentos, incluindo ofícios, notas técnicas, atas de reuniões e processos judiciais, mostra que a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva tinha ciência do que estava por vir. O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima publica desde fevereiro portarias de emergência ambiental por causa da estiagem e das queimadas. Em março, o Supremo Tribunal Federal mandou a União elaborar um plano de prevenção e combate a incêndios no Pantanal e na Amazônia. Em junho, um relatório do Observatório do Clima, anexado na ação do STF, alertou que o Pantanal estava sendo “consumido pelas chamas” e que a “a ausência de medidas rápidas, eficazes e contundentes contra o fogo levará à ruína o bioma”. O documento trouxe a previsão de que a região deveria passar por seca “extremamente forte este ano” com pico em agosto e setembro. Em entrevista à Rádio Eldorado, o secretário-executivo da organização, Márcio Astrini, criticou a falta de ação das várias esferas da administração pública nas questões climáticas. “Nós vemos os governos totalmente despreparados, não existe uma ação coordenada”, alegou. Ele disse que o governo Lula avançou no tema em relação ao governo Bolsonaro, mas destacou que a prática ainda não está condizente com o discurso. “Tem gente no governo que joga contra o clima”, afirmou.
Os candidatos Guilherme Boulos (PSOL), Ricardo Nunes (MDB) e Pablo Marçal (PRTB), que, conforme as pesquisas, disputam duas vagas no segundo turno da eleição para a Prefeitura de São Paulo, ensaiaram na noite de ontem um comportamento mais propositivo no debate promovido pela TV Globo - o último antes da votação de domingo. No decorrer do encontro, no entanto, os adversários voltaram a recorrer às provocações e ataques mútuos. Boulos questionou Marçal pelo estilo “bonzinho” adotado no debate e acusou o rival de misoginia. Na resposta, o candidato do PRTB chamou Boulos de “esquerdopata maluco”. No embate com Nunes, Marçal relembrou uma acusação de violência doméstica contra o rival. Nunes, por sua vez, chamou o adversário de “covarde”. Já a candidata Tabata Amaral (PSB), foi incisiva em críticas aos três primeiros colocados, mas conseguiu ser efetiva na apresentação de propostas. Em entrevista à Rádio Eldorado, o cientista político Renato Dorgan, diretor-executivo do Instituto Travessia e especialista em pesquisas qualitativas e quantitativas, avaliou que Tabata pode ter conseguido “certa conversão de indecisos”. Durante o confronto, ele monitorou, em uma pesquisa qualitativa, as reações de eleitores declarados dos candidatos e aqueles que diziam ainda não saber em quem votar.
A guerra entre Israel e o Irã já é um conflito de extensão regional e pode escalar ainda mais com reações dos dois lados e o eventual envolvimento de aliados, como os Estados Unidos. A avaliação foi feita por Gunther Rudzit, professor de Relações Internacionais da ESPM, durante entrevista à Rádio Eldorado nesta quinta-feira. Ele ressaltou que o conflito “já é uma guerra aberta” por atingir países como Líbano, Síria e Iêmen. Para Rudzit, o próximo passo será a definição da resposta israelense ao lançamento de mísseis feito esta semana pelo Irã. Entre as possibilidades, está um ataque aos setores nuclear e petrolífero iranianos. Outra novidade foi o ataque direto do Irã a Israel. Até então, o regime iraniano vinha adotando a prática da “guerra por procuração” com o financiamento de grupos aliados, como Hezbollah, no Líbano.
Uma nova edição da pesquisa Quaest, divulgada ontem, manteve o cenário de empate triplo na liderança das intenções de voto para prefeito de São Paulo. Ricardo Nunes (MDB) aparece com 24%, Guilherme Boulos (PSOL) com 23% e Pablo Marçal (PRTB) com 21%. Como a margem de erro do levantamento é de dois pontos porcentuais, há empate técnico entre os três. Na pesquisa da semana passada, os candidatos tinham 25%, 23% e 20%, respectivamente, com a margem de erro de três pontos porcentuais. A diferença decorre da amostra utilizada pelos levantamentos: nesta semana, a Quaest ouviu 1,8 mil eleitores em São Paulo, ante 1,2 mil na pesquisa anterior. Na pesquisa espontânea, em que não são apresentados nomes aos eleitores, 49% se disseram indecisos. Em entrevista à Rádio Eldorado, o professor Sérgio Praça, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil (CPDOC) da Fundação Getúlio Vargas (FGV), disse que o comportamento dos candidatos na reta final da campanha pode ser decisivo. “Vai ter vantagem quem errar menos”, afirmou. Como um dos exemplos de erro, ele citou a declaração de Marçal em debate do UOL de que “mulher não vota em mulher” porque “é inteligente”.
A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) entrou com uma ação no Supremo Tribunal Federal pedindo que seja declarada inconstitucional a chamada “Lei das Bets”, sancionada no final do ano passado. Por outro lado, a entidade defende a permissão para a instalação de cassinos físicos no País. Em entrevista à Rádio Eldorado, o economista-chefe da CNC, Felipe Tavares, disse que as bets operam em paraísos fiscais no exterior sem mecanismos de controle que impeçam apostas por crianças e pessoas em situação de vulnerabilidade. Segundo ele, já há indicadores de aumento da inadimplência em razão das apostas. No caso dos cassinos, alega Tavares, as regras em discussão permitiriam “maior governança” e o vício seria “muito menor” na comparação com a facilidade das apostas online. O ministro Luiz Fux, do STF, convocou audiência pública para o dia 11 de novembro para discutir a lei que regulamentou as apostas esportivas online.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou neste mês a intenção de criar a Autoridade Climática, um órgão concebido ainda durante a campanha eleitoral de 2022 para cobrar das demais áreas do poder público o cumprimento de metas ambientais, mas que ainda não foi efetivado. A medida foi anunciada em meio ao avanço de queimadas e da seca recorde em diferentes regiões do País, como no Pantanal e na Amazônia. Em entrevista, à Rádio Eldorado, o ex-ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, que participou da equipe de transição de governo em 2022, defendeu que o futuro órgão não fique ligado ao Ministério do Meio Ambiente e seja formatado como uma agência reguladora ou vinculado à Presidência da República para se impor aos demais ministérios. Minc, que hoje é deputado estadual pelo PSB no Rio de Janeiro, apontou a necessidade de maior envolvimento do Ministério da Agricultura e do Exército no combate às queimadas. Ele também defendeu punições mais rigorosas para os responsáveis por incêndios criminosos e a adoção do chamado “embargo eletrônico” com a suspensão do acesso ao crédito agrícola para quem adotar essa prática.