As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O gabinete do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes encomendou de forma não oficial a produção de relatórios pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), segundo a Folha de S.Paulo. O objetivo era embasar decisões contra aliados do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) nos inquéritos das fake news e das milícias digitais. O jornal teve acesso a mensagens de assessores do ministro que produziam o material. Segundo Moraes, todos os procedimentos foram regulares. O presidente do STF, Luís Roberto Barroso, defendeu a legalidade das ações do colega. O procurador-geral da República, Paulo Gonet, também alegou não ter observado irregularidades na conduta do ministro. Em entrevista à Rádio Eldorado, o advogado Davi Tangerino, professor da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), disse que há “malabarismos jurídicos” nos inquéritos que estão sob a relatoria de Alexandre de Moraes, mas ressaltou não ver brecha para nulidades processuais, pois o material coletado nessa parte da investigação se refere a informações públicas, postadas em redes sociais.
O apagão que atinge algumas áreas da Grande São Paulo desde a última sexta-feira reacendeu as discussões sobre um possível rompimento do contrato com a Enel, a empresa responsável pela distribuição de energia na região. A chamada caducidade da concessão já faz parte dos discursos do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, dos candidatos à Prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes e Guilherme Boulos e até do governador Tarcísio de Freitas, que não tem relação direta com o assunto. Mas esse tipo de punição ao prestador do serviço, embora tenha previsão contratual, não é tão simples de acontecer. Em entrevista à Rádio Eldorado, o advogado Urias Martiniano Neto, especializado no setor de energia, explicou que seria necessário instaurar um processo, dar direito de defesa à concessionária e comprovar o descumprimento do contrato. Além disso, seria preciso abrir uma nova licitação e promover um período de transição até a nova empresa assumir a operação.
O publicitário Washington Olivetto morreu ontem, aos 73 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado havia quatro meses no Hospital Copa Star. Ele teve problemas pulmonares e falência de órgãos. Considerado um dos mais importantes publicitários do mundo, Olivetto criou campanhas memoráveis para clientes como Valisère, Bombril e Cofap. Em 1986, fundou agência W/Brasil, que seria absorvida em 2010 pelo grupo americano McCann. Em 2017, se mudou para Londres, onde atuou como consultor. Ele deixa a esposa, Patrícia, e três filhos. Para João Faria, colunista e apresentador do Marcas e Consumidores na Rádio Eldorado, Olivetto “furou a bolha da publicidade” e “fez a propaganda entrar para a cultura popular”. Ouça o depoimento dele ao Jornal Eldorado.
A inflação voltou a subir em setembro, após uma desaceleração no mês anterior. Impulsionado pelo encarecimento da energia elétrica e dos alimentos, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) saiu de uma queda de 0,02% em agosto para uma alta de 0,44% em setembro, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O resultado, puxado principalmente pelo aumento da conta de luz, foi o mais elevado para o mês desde 2021. A taxa acumulada pelo IPCA em 12 meses acelerou de 4,24% em agosto para 4,42% em setembro, aproximando-se assim do teto da meta de inflação perseguida pelo Banco Central em 2024, que é de 3% com tolerância de até 4,50%. O governo considerou que o resultado teve influência da seca histórica que o País enfrenta. Em entrevista à Rádio Eldorado, o economista Samuel Pessôa, pesquisador associado do FGV-Ibre, disse que a inflação não preocupa no curto prazo em razão das condições climáticas, mas destacou que há risco de “inflação inercial” diante da forte atividade da economia, que pode pressionar os preços e impactar na alta dos juros. “Com a inflação inercial, o trabalho do Banco Central de trazer para a meta é redobrado e fica mais difícil”, afirmou. Na avaliação dele, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, “faz um esforço fiscal na direção correta, mas falta o presidente Lula vir a público e colocar as contas públicas numa trajetória de estabilidade”.
A área de vegetação atingida pelas queimadas no Brasil foi de 22,38 milhões de hectares de janeiro a setembro deste ano, o que representa um crescimento de 150% em relação ao mesmo período de 2023 e equivale ao território do Estado de Roraima. O levantamento, feito pelo Monitor do Fogo, do MapBiomas, mostra que mais da metade da área queimada no Brasil fica na Amazônia. Mato Grosso, Pará e Tocantins são os Estados que concentram a maior parte das queimadas. Em entrevista à Rádio Eldorado, a coordenadora do MapBiomas Fogo, Ane Alencar, que também é diretora de Ciência do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia, disse que setembro foi o pior mês e apontou como principais causas a seca extrema e o uso do fogo na agropecuária. “O fogo é colocado por pessoas, não é de origem natural”, afirmou.
O furacão Milton atingiu a costa sudoeste da Flórida, nos Estados Unidos, às 21h30 de ontem (pelo horário de Brasília), com ventos de até 205 quilômetros por hora e chuvas torrenciais. A tempestade de categoria 3, em um escala que vai até 5, tocou a terra na região de Sarasota. Depois, foi rebaixado para a categoria 2 e em seguida para a 1, mas ainda causando muitos estragos. Mais de 2 milhões de imóveis ficaram sem energia logo após a chegada do furacão à Flórida. Um dos afetados foi o jornalista brasileiro Eduardo Baldaci, que mora na região do Cabo Canaveral. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele relatou a ocorrência de ventos de até 120 km/h e a falta de energia elétrica desde o fim da tarde de ontem.