As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
Os vereadores de São Paulo articulam mudanças na Lei Orgânica do Município para obrigar a Prefeitura a executar as emendas parlamentares. O movimento gerou estresse na relação entre o prefeito Ricardo Nunes (MDB) e a base na Câmara Municipal, a ponto de o mandatário elevar o tom contra aliados e ameaçar retirar cargos ocupados por indicações políticas em subprefeituras e secretarias. Apesar da resistência de Nunes, interlocutores do presidente Câmara, Ricardo Teixeira (União), afirmaram ao Estadão que o debate sobre as emendas impositivas não foi encerrado e que um grupo de trabalho com líderes partidários foi criado para discutir o tema. Parlamentares chegaram a divulgar um vídeo de 2016 no qual Nunes, que na época era vereador, aparece defendendo as emendas impositivas. Em entrevista à Rádio Eldorado, a professora do curso de Gestão de Políticas Públicas da EACH-USP, Ursula Peres, especialista em orçamento, disse que o mecanismo “pode ser bom se for um acordo coletivo e toda a sociedade estiver envolvida” na definição de prioridades, mas ressaltou que “pode virar uma pulverização de recursos muito paroquiais”.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) decidiu que será obrigatória a retenção de receita médica para venda de medicamentos como Ozempic, Wegovy, Saxenda, Mounjaro e similares, que são usados para o emagrecimento. A decisão passará a ter valor em junho. Para o psicólogo e psicanalista especialista em grupos de compulsão alimentar, Paulo Buosi, a restrição da venda é importante para organizar o consumo e a orientação sobre as reações à medicação. Buosi ressalta que a procura das canetas injetáveis é feita por pessoas que buscam uma saída rápida para a obesidade, que afeta um em cada três brasileiros, segundo o Atlas da Obesidade 2025. “Uso sem receita de canetas para emagrecer pode levar à compulsão alimentar”, alerta.
O arquiteto e urbanista Kazuo Nakano propõe uma mudança de olhar sobre as cidades brasileiras, a partir dos dados do Censo 2022 que constatam a falta de calçadas no entorno dos lares brasileiros. O levantamento do IBGE ainda aponta como a presença de obstáculos - buracos e desníveis - perto de casa é um problema que afeta 80% da população.
Segundo o coordenador do Observatório de Lutas Urbanas e Políticas Públicas, a população está envelhecendo e calçadas seguras convidam as pessoas a sair, andar a pé, cuidar do bairro e da saúde mental. “Por que não reduzir ruas e alargar calçadas nas cidades?”, questiona o urbanista.
“Uma História da Velhice no Brasil”, novo livro da escritora e historiadora Mary Del Priore, é um retrato das distintas formas como a sociedade brasileira conviveu com a velhice desde a época da Colônia até os dias atuais, alternando descaso e até ojeriza com cuidado e acolhimento. O assunto ganha mais relevância nos dias atuais, quando estatísticas apontam um crescimento progressivo da presença de idosos na população. Em 2022, uma pesquisa mostrou que o número de brasileiros com mais de 65 anos cresceu 57,4% desde 2010. Já são 10,9% do total de habitantes no País, ou 22,2 milhões de pessoas. O trabalho é o tema da entrevista de Carolina Ercolin e Haisem Abaki no Jornal Eldorado.
O deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ) completou na madrugada desta quinta-feira oito dias em greve de fome. O ato é um protesto contra o avanço do processo de cassação do mandato dele na Câmara. Glauber é alvo de denúncia feita pelo Partido Novo, que o acusa de ter quebrado o decoro parlamentar ao agredir e expulsar do prédio da Câmara, com chutes e empurrões, um militante do Movimento Brasil Livre (MBL). O Conselho de Ética aprovou a cassação, que deve ser decidida pelo plenário da Casa. O parlamentar alega ser vítima de perseguição política, que há interferência do ex-presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL) no processo e que a expulsão do militante do MBL foi usada como pretexto para uma retaliação de Lira. Em entrevista à Rádio Eldorado, o professor associado da USP Rubens Becak, especialista em Direito Constitucional, disse que a tendência é de punição. “Me parece que o Congresso está tomado pelo espírito de mostrar uma moralização. Esperamos que daqui pra frente casos assim impliquem em punição”, afirmou. Ele ressaltou, no entanto, que seria possível fazer uma distinção entre casos com circunstâncias diferentes. ”O Conselho de Ética pode aplicar penas menores. Não se dá um escala de valores nas punições”, avaliou.
O atacante Bruno Henrique, do Flamengo, foi indiciado pela Polícia Federal por estelionato e fraude em competição esportiva, em uma investigação que apura manipulação em jogos de futebol para benefício de apostadores. O jogador é suspeito de ter forçado um cartão amarelo em uma partida válida pelo Brasileirão de 2023. A PF analisou 3.989 conversas no WhatsApp de Bruno Henrique. No celular do irmão do jogador, Wander Nunes Pinto Júnior, que também foi apreendido, foram flagrados diálogos que mostram o envolvimento do jogador. Em entrevista à Rádio Eldorado, o jornalista Marcel Rizzo, colunista de esporte do Estadão, disse que o atleta corre o risco de ser condenado a uma pena de 2 a 6 anos de prisão e, no âmbito esportivo, pode ser suspenso por até 2 anos. Ele ressaltou que há outros casos de suspeita de manipulação, principalmente em divisões inferiores do futebol brasileiro, e defendeu a adoção de mecanismos de controle por parte dos clubes e dirigentes esportivos.