As principais notícias do dia com Haisem Abaki e Carolina Ercolin
O novo presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Leandro Grass, disse hoje que os danos causados por golpistas em obras de arte no último domingo em Brasília são incalculáveis. Em entrevista à Rádio Eldorado, ele relatou a vistoria que fez ontem no Palácio do Planalto e no Supremo Tribunal Federal. “Era a sensação de andar nos escombros de uma guerra, mas sem cadáveres”, descreveu. As inspeções devem prosseguir nos próximos dias para que os técnicos do Iphan façam um inventário dos locais e dos objetos danificados pelos terroristas.
Na entrevista, Grass também falou sobre a reestruturação do órgão, apontando que o governo de Jair Bolsonaro priorizou critérios ideológicos e não técnicos na gestão do Iphan. “Tinha até monarquista entre os superintendentes”, afirmou.
Como havia prometido, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, assinou ontem dois decretos que impõem tarifas de 25% sobre todas as importações de aço e alumínio. Com a iniciativa, Trump retomou a política que já havia adotado em 2018, durante o primeiro mandato, de favorecer os fabricantes americanos dos dois produtos. No Brasil, a taxação do aço terá forte impacto sobre as siderúrgicas, já que o País é o segundo maior fornecedor do metal para os Estados Unidos, atrás apenas do Canadá. No governo brasileiro, a orientação era aguardar o detalhamento das medidas para tentar encontrar alguma possibilidade de negociação com o governo de Trump. Em entrevista à Rádio Eldorado, o professor Pedro Brites, da Escola de Relações Internacionais da FGV, disse que, num primeiro momento, a taxação e a retaliação devem gerar impactos inflacionários nos países envolvidos. Para ele, o Brasil pode reagir impondo tarifas sobre alguns produtos americanos, mas “a diplomacia brasileira é cautelosa e não tende a agir com emoção, com o fígado”.
A Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) recebeu o aval do governo paulista para começar a projetar a Linha 20-Rosa, que terá 33 quilômetros de extensão e ligará as cidades de Santo André e São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, à zona oeste da capital. Serão 24 estações: 18 em São Paulo, três em Santo André e outras três em São Bernardo do Campo - além de dois pátios de manutenção. Na capital, a previsão é que a linha passe por locais como Lapa, Pinheiros, Vila Olímpia, Itaim Bibi e Moema. O projeto do novo ramal promete atender 1,3 milhão de pessoas diariamente. Em entrevista à Rádio Eldorado, o prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal Grande ABC, Marcelo Lima, disse que o projeto se junta a outras obras de mobilidade realizadas por municípios do ABC. “É uma região que depende muito da capital, com moradores que trabalham em São Paulo todos os dias e perdem horas no trânsito”, afirmou.
O mês passado foi o janeiro mais quente registrado até agora no mundo. A constatação é do observatório europeu Copernicus, destacando que o recorde estabelecido há um ano foi superado. Apesar da chegada do fenômeno La Niña, que tem um efeito de resfriamento, janeiro de 2025 teve um aumento na temperatura média de 1,75ºC em relação ao mesmo mês desde a época pré-industrial. Esse recorde coincide com o aumento nas emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem. Cientistas do clima esperavam que esse período diminuísse após um evento de El Niño atingir seu pico em janeiro de 2024 e as condições mudarem gradualmente para La Niña, que é a fase oposta. Em entrevista à Rádio Eldorado, o coordenador de Política Internacional do Observatório do Clima, Claudio Angelo, disse que a situação põe em risco a tentativa do Acordo de Paris de limitar o aumento da temperatura global a 1,5°C. “Não existe dose segura de aquecimento global. Este é um limite manejável e que está sendo aos poucos perdido”, afirmou. Ele destacou que é preciso cortar as emissões de combustíveis fósseis, mas ressaltou que o governo de Donald Trump nos Estados Unidos está indo na direção contrária.
O presidente nacional do Republicanos, deputado Marcos Pereira, disse hoje que o partido “entrega de 80 a 85% dos votos na Câmara” para o governo, mas descartou uma cobrança por mais cargos na reforma ministerial. “Não peço mais ministérios, mas estou aberto ao diálogo”, declarou durante entrevista à Rádio Eldorado. Questionado sobre movimentos pela anistia dos acusados de tentativa de golpe de Estado e por uma redução no prazo de inelegibilidade na Lei da Ficha Limpa de oito para dois anos, que poderia beneficiar o ex-presidente Jair Bolsonaro, Pereira disse que o partido ainda não discutiu os assuntos, mas apresentou suas posições. “Oito anos é muito tempo e dois é pouco. Eu acho que deveríamos fazer um equilíbrio de 4 a 6 anos”, afirmou. Sobre a possibilidade anistia, falando na condição de advogado, o presidente do Republicanos ressaltou que o tema só poderia ser discutido após o julgamento do processo pelo Supremo Tribunal Federal.
Após a Prefeitura de São Paulo divulgar três possíveis projetos para resolver o problema de enchentes no Jardim Pantanal, bairro do extremo leste da cidade que historicamente sofre com as chuvas, o governador do Estado, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que tem dúvidas sobre todas as propostas e que pretende estudar mais a fundo o assunto. As três possibilidades têm valores que variam de R$ 1 bilhão a R$ 1,9 bilhão. Na primeira solução, é prevista a construção de um dique, sete reservatórios, o Parque Várzeas do Tietê e de um canal com 5,5 km para desviar a água da chuva para evitar inundações, com a remoção de cerca de 500 famílias. Na segunda alternativa, haveria a construção de um canal e seriam abertas lagoas de acumulação da água. Haveria ainda a reversão do Tietê, além de desapropriações, remoções e reassentamentos, com ações integradas entre a capital e a cidade de Guarulhos. A terceira possibilidade, que é a mais cara, tem como foco remoções e desapropriações, reassentamentos, construção de novos conjuntos habitacionais e a criação de um parque alagável. Em entrevista à Rádio Eldorado, o arquiteto social José Bueno, um dos criadores do projeto Rios e Ruas, com o mapeamento de cursos d’água em São Paulo, disse que uma solução “é urgente”, mas “não é um despejo” e precisa ouvir a comunidade científica. “Não podemos mais ter uma cidade biofóbica que criminaliza a chuva”, afirmou.