Em meio à greve de metrô e ao trânsito, a Maria Bonita abriu cedo os trabalhos na Bienal, no segundo dia de SPFW. Danielle Jensen e sua equipe apresentaram desde peças de alfaiataria de moletom até boas seqüências de vestidos, calças e parkas construídos com tecidos impermeáveis - os tais tecnológicos. O casaquinho-mochila é hit e sugere que os volumes nas costas serão uma constante. O segundo a se apresentar foi Wilson Ranieri, sem muito brilho, usando tecidos levinhos e opacos, como seda e crepe, para compor vestidos, bermudas e shorts. Na seqüência, Alexandre Herchcovitch desfilou sua moda masculina, inspiradíssimo no black metal, com referências a bandas satanistas. Já Paola Robba foi buscar na pequena comunidade de Candeal, na Bahia - de 9 mil habitantes -, as referências para a nova coleção da Poko Pano. Retalhos e mosaicos multicoloridos compõem biquínis, maiôs, bermudas e sungas. Na passarela, brilharam as tops Mariana Weickert e Juliana Imai. O AfroReggae estreou nas passarelas com a coleção de Marcelo Sommer inspirada no Complexo do Alemão, no Rio. Os modelos, em sua maioria negros, apresentaram camisetões estampados (os meninos) e macaquinhos tomara-que-caia (as meninas). A coleção da Triton parecia um tributo à patricinha americana Paris Hilton. Dominaram platinadas em trajes curtíssimos misturando pink, roxo, lilás, dourado e estampa de oncinha. No final, Tufi Duek anunciou a entrega da marca a Karen Fuke. Das marcas blockbuster brasileiras, a Zoomp é a que trilha um caminho mais chique, sem perder a identidade. O forte da grife de Renato Kherlakian sempre foi o jeanswear, caso do macaquinho com gola de camisa mostrado pela maravilhosa Alessandra Ambrosio. A vedete da coleção é o algodão. A desestruturação parece casual, mas não é. Caprichoso, Kherlakian desconstrói as formas da alfaiataria para, então, recriá-las em cortes ousados, que ganham charme ao deixar as costas à mostra e exagerar nas golas sem perder leveza. A versão Zoomp para rapazes também acerta o tom, como na jaqueta que tem gola de terno, nos minicasacos, nas camisas mais longas, nos suspensórios deslocados e, claro, nos jeans, mais justos e com lavagens escuras. E a presença superesperada e anunciada da atriz e ícone da moda Chloë Sevigny no desfile da Ellus serviu para... nada. Foi só uma boa jogada de marketing e garantiu a exposição da marca. Na apresentação que fechou o segundo dia de São Paulo Fashion Week, a bonita ficou sentadinha na primeira fila e só entrou em cena no final, quando Nelson Alvarenga e Adriana Bozon foram agradecer os aplausos. A grife aposta em um camuflado de flores e esbarra num safári moderninho. Há um quê de melancolia no verão da Ellus, mas também há espaço para brincar de menina. Por isso, o ponto forte do verão são mesmo os vestidos de Lolita, curtos, com babadinhos e cor de pele. No final, a grife mostrou a coleção que realmente importa e vende bem: jeans delavês com corte reto e várias versões de camisetinhas de alça brancas.