Cultura hygge: como transformar sua casa em um refúgio de conforto e bem-estar

Conceito dinamarquês ajuda a criar espaços acolhedores e experiências prazerosas

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Por Renata Nogueira

Hygge (em português pronuncia-se “iuga”, “riuga” ou ainda “rigue”) é um termo dinamarquês que se tornou mundialmente conhecido por representar um estilo de vida adotado pelo país que já foi considerado o mais feliz do mundo. O hygge valoriza o aconchego, a simplicidade e a apreciação dos pequenos prazeres da vida. É mais do que apenas um conceito, é uma filosofia que busca criar momentos de conforto e bem-estar no dia a dia.

Velas e momentos de união com pessoas amadas são pilares da cultura hygge Foto: Lev Dolgachov/ Adobe Stock

Embora esse conceito esteja enraizado há séculos na cultura da Dinamarca, ele se popularizou mundialmente há menos de dez anos, especialmente depois de 2016, ano em que livros como Hygge: O Segredo Dinamarquês Para Viver Bem (Sextante) e O Segredo da Dinamarca (Leya) se tornaram best-sellers mundiais ao desvendar o conceito para outras culturas e países.

O primeiro livro foi escrito por Meik Wiking, dinamarquês e fundador do primeiro Instituto de Pesquisa da Felicidade de Copenhague, em 2013. O segundo, escrito pela jornalista inglesa Helen Russell, que descobriu o conceito hygge em 2012 ao se mudar para uma pequena cidade na Dinamarca para acompanhar o marido que foi trabalhar na Lego. O choque cultural que essa palavra causou na vida dela foi o suficiente para escrever o livro.

Mas o que significa hygge na prática?

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Hygge é geralmente aplicado dentro de casa, uma experiência multissensorial que envolve criar espaços acolhedores, com iluminação suave, velas e elementos naturais, como plantas e tecidos.

Além disso, parte da cultura hygge consiste em desfrutar de momentos com pessoas queridas, conversando, rindo e compartilhando experiências. Cuidar do corpo e da mente tirando um tempo para preparar e saborear refeições caseiras com ingredientes frescos e de qualidade.

Estilo rústico e lareira são características da decoração hygge Foto: Evelyn Muller

E, no sentido de bem-estar, envolve engajar-se em atividades relaxantes e prazerosas, como ler um bom livro, ouvir uma música que você ama, tomar um banho quente ou simplesmente parar e apreciar a natureza, focando no momento presente, sem se preocupar com o futuro ou se lamentar pelo passado.

“O hygge tem mais a ver com criar um climinha… e não com coisas. É estar com quem se ama. É uma sensação de lar. Uma sensação de estar seguro, protegido do mundo, à vontade. Pode ser uma conversa jogada fora ou um papo sério sobre a vida. Pode ser o conforto do silêncio na companhia de alguém - ou simplesmente estar sozinho, apreciando uma xícara de chá“, define Meik Wiking em seu livro.

Como decorar sua casa no estilo hygge?

O estilo escandinavo, que prioriza a simplicidade e materiais naturais, é uma boa referência para incluir o hygge na decoração de casa. Mas ele não precisa ser seguido à risca. A ideia é adaptar o conceito para que o lar tenha sua personalidade, valorizando materiais locais, conforto e aconchego.

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Para atingir esse objetivo, o ideal é observar os ambientes que estão te incomodando e os detalhes que podem tirar a personalidade dele, como locais totalmente brancos ou monocromáticos. Se a sua decoração já for assim, procure mesclar com móveis e acessórios em tons de madeira natural para trazer mais aconchego.

Outra dica é priorizar sempre a luz natural e aproveitar os pontos bem iluminados da casa ou do apartamento para decorar com plantas naturais, como a zamioculca. Trazer o verde para dentro da sua casa é um primeiro passo importante para incorporar a cultura hygge.

Hygge pede mais plantas e verde dentro de casa, além de priorizar iluminação natural Foto: Stock_studio//Adobe Stock

Durante a noite, prefira lâmpadas amarelas e luminárias para criar o efeito de iluminação indireta, evitando aquela luz forte centralizada no teto. Em dias chuvosos ou frios, tire do armário tapetes fofinhos, mantas para o sofá, almofadas, velas perfumadas e sprays de ambiente.

E, por fim, não deixe pequenos reparos para depois. A estética da casa não é algo supérfluo, pois influencia diretamente no nosso humor.

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“Torne o seu ambiente o mais bonito possível. Os dinamarqueses fazem isso, e estimulam o respeito pelo design, pela arte e pelo lugar onde vivem. Você se lembra da síndrome da janela quebrada, em que o estado dos lugares que parecem abandonados pioram? O contrário também se aplica”, explica Helen Russell em seu livro.

Quais itens são indispensáveis para criar um ambiente aconchegante?

Velas! Não à toa elas se popularizaram nos últimos anos até em países de clima tropical, como o Brasil. Isso pode ter relação com a pandemia, em 2020, que obrigou as pessoas a ficarem mais dentro de casa e a cuidarem mais do lar. As velas, especialmente as aromáticas, criam uma sensação de aconchego ao despertar mais de um sentido.

Meik Wiking conta em seu livro que os dinamarqueses são os maiores consumidores de velas da Europa e as acendem até mesmo em salas de aula, embora eles não sejam tão fãs das versões aromáticas por as considerarem artificiais. Para os dinamarqueses, quanto mais natural, melhor.

Adaptando o conceito para a realidade brasileira, você pode investir em artesanato local, itens feitos à mão como tricô e crochê (que podem até mesmo ter apego emocional caso sejam feitos por alguém da família), uma hortinha caseira, um jardim tropical dentro de casa, entre outros itens que proporcionem momentos de desconexão.

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Como o hygge pode melhorar sua rotina?

Mais do que uma mudança estética, adotar a cultura hygge faz com que você se envolva mais com a sua casa e valorize cada item e ambiente dela. Além disso, aprender mais sobre esse conceito vai fazer com que você valorize mais as pessoas e os momentos de descontração com elas, como aquele churrasco no fim de semana.

No Brasil, por exemplo, nada mais hygge do que aproveitar seu tempo livre tirando uma soneca deitado em uma rede ao ar livre. O hygge valoriza o simples, o natural, é o oposto da ostentação e da luta incessante por bens e dinheiro. É o bem-estar na raiz do conceito.

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