O balaústre é uma pequena coluna usada para amparar tampos ou delimitar cercas, muito usada na arquitetura. Com função estrutural, ornamental, ou mista, ao longo dos séculos foi recebendo inúmeras versões, podendo apresentar forma abaulada, estilizada ou eclética. Muito frequente na arquitetura europeia, sempre atraiu a atenção da arquiteta e designer Candida Tabet durante suas viagens, a ponto de lhe inspirar uma inédita e original linha de luminárias, lançada a semana passada pela galeria Firma Casa, na SP-Arte. Batizada de Astral, a coleção, que revisita o formato do ancestral ornamento arquitetônico, foi construída com base na justaposição de cúpulas de vidro e de opalina, com alturas variáveis de 1,30 a 1,76 m, e tendo como base uma peça moldada de concreto. Ao todo são 9 peças exclusivas, cada uma delas com o nome de um signo do zodíaco, como Lyra, Leo e Virgo. “Minha primeira inspiração foi o balaústre, mas sempre fica muita coisa no disco rígido, difícil ter certeza”, brinca Candida, que contou com a parceria do lighting designer Guinter Parschalk na execução técnica das peças – todas elas dimerizadas e equipadas com lâmpadas LED –, mas se encarregou pessoalmente do garimpo das cúpulas, em feiras, lojas e antiquários do Brasil e do exterior. Conforme ela conta, nesta entrevista exclusiva ao Casa.Você é arquiteta de formação. Como se deu sua aproximação com o design ? O design sempre surgiu de forma muito espontânea no meu dia a dia como arquiteta. Acredito que seja um pensamento intrínseco a meu trabalho. Pratico muito o design autoral, desenhando móveis para habitar meus projetos de arquitetura. Já desenhei estantes, sofás e até uma banheira, mas nunca de forma aleatória. Penso que o design é um campo muito fértil e ilimitado de criações. Desafia os limites entre o objeto e a arte, sendo que, às vezes, as duas dimensões podem conviver no mesmo objeto.Como a coleção foi desenvolvida? Trabalho neste projeto há quase dois anos. Tudo começou com uma pequena intuição, uma inspiração que foi crescendo e me levou a procurar meios de construir e viabilizar a ideia. Aliás, o aspecto construtivo das peças é o que mais me atrai. Comecei por vasculhar feirinhas, leilões, antiquários, sempre de olho em cúpulas de vidro ou opalinas. Depois, veio a fase de reunir os componentes, de buscar afinidades ou contrastes, com base em suas cores, formas e texturas. Finalmente, me dediquei a encontrar formas de unir e fixar os componentes com base em suas possibilidades de encaixe. E esta foi a fase mais complexa, porque sou muito exigente quanto ao objeto. Penso que o design deve viabilizá-lo perfeitamente. Só assim ele vai existir ou não passará de uma ideia.Do ponto de vista visual, as peças parecem circular entre o antigo e o contemporâneo. Trazem traços do oriente, mas também do ocidente. Esta dualidade foi intencional? Quando desenho não me imponho barreiras de nenhum tipo. Nem de tempo, nem de espaço, nem de tendências. Procuro sempre trabalhar sem preconceitos, deixando a interpretação final dos meus objetos a critério de quem se relaciona com eles. Me agrada que eles produzam múltiplas identificações e leituras.
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