No túnel do tempo

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Por Ana Garrido
Atualização:

      Investigativo por natureza, Achille Castiglioni, talvez o maior ícone do design mundial, costumava dizer que o que havia de mais interessante em materiais macios como a espuma era que, com eles, era possível obter formas rígidas. Foi partindo desse conceito que, em 1957, com o irmão Piero, ele concebeu a Cube: poltrona na qual é o peso do corpo que molda o desenho do assento, permitindo que os braços do seu usuário fiquem posicionados nas laterais do móvel. Isso, diga-se, apenas quando se está sentado. Quando não está em uso, ela mais se assemelha a um pesado bloco de pedra. Um móvel capaz de produzir surpresa, como diriam os geniais designers, que acaba de ser relançado pela Meritalia e que bem sintetiza um momento em que, mais do que nunca, é preciso surpreender. Tirar o máximo do mínimo e, se possível, agregar um quê de passado a móveis produzidos dentro da mais alta tecnologia. Uma condição explicitada, por exemplo, em Comback, cadeira de balanço da espanhola Patrícia Urquiola para a Kartell. Um entre os muitos projetos que embarcaram no túnel do tempo. Mas que, ainda assim, guardam lá seus segredos. Só se aproximando de Comback é possível perceber que seu desenho de época não foi produzido com madeira. Mas, sim, no mais arrojado dos plásticos injetados.

/MARCELO LIMA

   

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