Lá se vão 16 anos desde que a curadora do Salão Satélite, Marva Griffin, empenhou todo o seu prestígio com a diretoria do Cosmit, entidade que organiza o Salão do Móvel de Milão, para criar uma plataforma de exposições dentro da mostra oficial voltada para a produção de jovens designers. ?Eles aceitaram de imediato, mas a confiança só veio com o tempo. Mais precisamente quando alguns de meus meninos (como ela se refere, em italiano, aos participantes da mostra) passaram a ser cobiçados por grandes empresários de todo o mundo?, conta ela, que ainda hoje se encarrega pessoalmente da organização do evento e da seleção dos participantes. Temas recorrentes nas criações apresentadas este ano, a adoção de técnicas tradicionais de produção e um vívido interesse por todos os aspectos da natureza concentraram as atenções dos jovens designers. Folhas e flores, glóbulos, fibras, seres em mutação, energia vital. Tudo lhes interessa. ?A investigação parece ser vista por eles como a base de construção de um mundo melhor. Dá gosto de ver?, comenta Marva. Os selecionados, com até 35 anos, podem participar da exposição por três edições consecutivas. A escolha dos projetos é feita por um júri diferente a cada ano e inclui empresários, jornalistas e profissionais da área. Para posicionar os iniciantes frente à realidade do trabalho, assim como os demais expositores, os designers que participam do Satélite pagam o aluguel do espaço ocupado por seu estante. Este ano, participaram do evento 700 profissionais de 33 países, além de 17 institutos de ensino, que apresentaram criações coletivas ? incluindo a Universidade Federal de Caxias do Sul (RS). Para esta edição, consciente dos vínculos cada vez mais estreitos entre as duas atividades, Marva elegeu como tema ?Design e artesanato: juntos para a indústria?. ?Queria contrapor o artesanato tradicional às modernas tecnologias industriais. Na experiência de criação, o conhecimento dos materiais é crítica para os designers iniciantes?, conta a curadora, que organizou três workshops no local, dedicados ao metal, à madeira e ao vidro. ?Designer e artesão têm muito a aprender um com o outro. Acredito que o futuro será construído a quatro mãos?, afirma.
/MARCELO LIMA
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