Ele já foi descrito como o coração da sala. De fato, é ao redor dele que tudo gira e em torno do qual a intimidade da casa é vivida ? e, por vezes, compartilhada. Natural, portanto, que experimente uma regressão a tempos menos formais e bem mais reconfortantes. E que, enfim, o sofá acabe por trocar de pele, ensaiando um movimento de dentro para fora. A limpeza e a essencialidade das linhas se mantêm. Mas o visual excessivamente formal e geométrico das edições anteriores do Salão do Móvel já dá mostras de saturação, abrindo espaço para formas menos rígidas e cores em profusão ? sobretudo o verde, presente em todas as suas nuances ?, além de revestimentos mais despretensiosos, como a lona, a sarja e o algodão. Tecidos que, sobretudo em versão cru, ganham destaque em nove entre dez coleções. Assim como os debruns ressaltados, as costuras aparentes e os tecidos enrugados Como acontece, por exemplo, no modelo Newcastle, de Giulio Iachetoi, para a Meritalia. Ou ainda em Meu Mundo, de Philippe Starck, para a Cassina, uma das boas novidades da temporada. Um estofado que surpreende por uma simplicidade não muito comum ao universo de seu criador. E, no entanto, se encaixa, à perfeição, ao vocabulário dos tempos atuais. Pretendo-se, acima de tudo, confortável, ele vem rodeado de mesas de madeira e biombo de vime. É forrado com algodão cru, mas nem por isso abre mão de cabos para conexão USB.
/MARCELO LIMA
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