Segundo pesquisas, os cães fazem parte da vida dos humanos há mais de 20 mil anos. Ou seja, quando estávamos iniciando a comunicação falada, lá estava o cachorro acompanhado a evolução.
Ao longo do tempo, a fala e a audição se tornaram as vias principais de comunicação entre humanos. Mesmo com animais fazemos uso dessa mesma via, através do ensino de palavras de comando como "senta", "deita" ou "fica". É uma forma de trazer os cães para nosso mundo verbal.
O grande problema acontece quando nos focamos somente nessa via de comunicação e esquecemos as outras, como a corporal.
A comunicação prioritária (e mais sutil) dos cães é através de sinais corpóreos, chamados sinais de calma (calming signals). Lamber focinho, abaixar orelhas, virar o rosto são alguns deles.
Mesmo que o ser humano tenha dificuldade de compreender e atender o cão com comunicação sutil, os cães são capazes de criar formas de se fazer entender e ter suas necessidades atendidas (mesmo que seja ganhar petisco).
Enquanto o cão tenta encontrar maneiras de se fazer entender, o abençoado ser humano dificulta mais e mais.
Para pedir para subir no sofá, por exemplo, o cachorro põe as patinhas sobre a almofada. Ao compreender a linguagem do cão, o humano pega o cachorro no colo e coloca-o no sofá.
Uma comunicação exemplar, com emissor, memsagem e receptor, sem que haja um pingo de vocalização.
Mas o problema começa quando o receptor (o humano) é instável e inconstante. Um dia ele atende à solicitação do cão, mas no outro dia, o cachorro está sujo e ele não quer que o animal suba no sofá. Aí aquela simples patinha na almofada passa a não ser mais efetiva. Ele precisa latir.
Para que ele não incomode os vizinhos, o humano acaba se cansando e atendendo o cão, que sobe no sofá. Na próxima vez, o cachorro irá usar a comunicação mais efetiva: o latido.
É bem nessa hora que o tutor se irrita e briga com o cachorro, mandando ele ficar quieto.
Mas peraí! Quem ensinou o cachorro de que latir é a comunicação mais efetiva, com a qual ele será atendido?!
Isso, em hipótese alguma, quer dizer que você deve ignorar os latidos. Mas atender ou redirecionar o cão, quando ele utilizar a comunicação sutil (pode ser até apenas com o olhar).
Muitas vezes, a grande questão comportamental pode ser apenas uma falha de comunicação. Cabe a nós, tutores, investirmos na melhora da qualidade de vida e relação com nossos peludos.