Assessor da CBF errou ao puxar gato pelo cangote em coletiva de Vinícius Jr.? Especialista responde

Vídeo de homem retirando gato da mesa pelo cangote viralizou e gerou debate nas redes sociais

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Por Gabriela Piva
Atualização:

O jogador Vinícius Júnior, da seleção brasileira masculina de futebol, participou de uma coletiva de imprensa nesta quarta-feira, 7, em Doha, no Catar. Durante a ocasião, ele foi surpreendido com a presença de um gato em cima da mesa onde ele conversaria com jornalistas.

Um assessor da CBF, então, fez carinho no animal e o pegou pelo cangote para retirá-lo do local. O vídeo do Estadão circulou e viralizou nas redes sociais ao levantar o questionamento: ele segurou o gato de forma correta?

Assista ao vídeo e entenda o motivo da discussão (o conteúdo pode ser sensível para algumas pessoas):

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Como as mães felinas seguram filhotes pelo cangote, muitas pessoas acreditam que esse é o jeito certo de pegar um gato. A informação, no entanto, é equivocada, segundo a veterinária Laura Ferreira, especialista em comportamento animal da Guiavet, plataforma de acompanhamento de saúde para pets. Ela tem certificação Cat Friendly Handling Program, que ensina as maneiras corretas de cuidar dos felinos para reduzir seu estresse.

“A melhor forma de se segurar um gato é deixá-lo à vontade. Para mudar ele de local, como foi o do caso do vídeo, a melhor maneira é uma mão no tórax e a outra mão ser usada como suporte para as patas traseiras. O próprio braço da pessoa pode servir como um suporte para todo o tronco do gato, sempre respeitando o jeito que ele se sentir mais confortável”, explicou a veterinária.

Veja o jeito correto de segurar o felino:

O assessor maltratou o animal?

Segundo a veterinária, sim. “O gato em questão estava extremamente confortável no ambiente e com um comportamento extremamente amigável. Não precisava pegar e colocar o animal no chão daquela maneira”, completou Laura.

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Ela, no entanto, não foi a única com essa opinião. A reportagem também conversou com Luíza Cervenka, bióloga com mestrado em psicobiologia (comportamento animal) e dona do blog Comportamento Animal, do Estadão. Ela disse que a forma como ele pegou o gato “só estigmatiza cada vez mais o que sempre buscamos desmistificar”.

A especialista explicou que a estigmatização acontece pelos tutores ou veterinários não especializados repetirem o comportamento do assessor sem questionar se a atitude está correta. “São duas práticas porque, além de pegar o gato, ele joga o animal em outro local”, completou Luíza.


Quais são as consequências de pegar o gato pelo cangote?

A bióloga ainda falou que a maneira como o assessor segurou o gato pode piorar possíveis problemas prévios de saúde, como dores na articulação. Além disso, o animal também poderia agredir o homem pela forma na qual fora manejado.

“Pegar esse gato da forma que ele pegou, pelo cangote e pela pele das costas, pode aumentar e piorar dores e problemas articulares prévios do gato”, completou.

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A veterinária Laura Ferreira afirmou que o comportamento do ser humano pode trazer consequências a longo prazo ao gato. “As consequências são negativas porque causa muito medo e gera uma sensação muito ruim no animal por eles ficarem imobilizados e expostos.”

Caso esse comportamento seja corriqueiro na rotina do animal, ele pode se tornar medroso. A atitude também pode gerar transtornos comportamentais e doenças físicas, como cistite intersticial ou idiopática, conhecida como Síndrome de Pandora (conjunto de distúrbios do trato urinário do felino).

“O gato também pode se tornar mais agressivo e menos receptivo ao toque humano”, acrescentou Laura.

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Adotado como um improvável mascote da seleção brasileira, o bichano foi carinhosamente apelidado de “Hexa”. Ele não atrapalhou os trabalhos e sentou ao lado do banco de reservas. O país-sede do Mundial é conhecido por ter uma quantidade significativa de gatos andando pelas ruas.

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