Os dados da projeção do IBGE revelam um Brasil pisando no freio do crescimento demográfico, mas avançando no envelhecimento. O estudo mostra que a expansão da população na faixa de 0 a 14 anos já é negativa. Em 2030, a faixa de adultos, entre 15 e 64 anos, também vai começar a reduzir. Enquanto isso, a proporção de idosos, com 65 anos ou mais, vai disparar, num vetor crescente pelo menos até 2025. A partir de 2035, o número de idosos já será maior do que o de crianças e chegará perto do dobro em 2050. As mudanças desafiam o País a estruturar serviços de saúde e um sistema previdenciário que dê conta do aumento do número de aposentados combinado com a redução da população economicamente ativa. Em 2000, havia 12 pessoas na faixa potencialmente ativa (15 a 64 anos) para cada brasileiro com 65 anos ou mais. Em 2050, essa relação cairá drasticamente para pouco menos de 3 para cada idoso. Na outra ponta, em vez dos atuais 3, haverá 5 adultos para cada criança. A proporção atual de 24,7 idosos para cada 100 crianças crescerá a ponto de alcançar 172,7 em 2050. A idade média do brasileiro, que já foi de 20 anos em 1980 e atualmente está na casa de 27, será de 47 anos em 2050. Além da queda da fecundidade, o avanço da expectativa de vida do brasileiro continuará a modificar a composição das famílias. No lugar da figura do avô com muitos netos, será cada vez mais freqüente ver uma criança cercada pelos quatro avós. Isso porque o brasileiro terá, em 2050, expectativa de vida 81,29 anos. Atualmente, é de 72,78 anos. Como hoje, as mulheres também viverão mais em 2050: 84,54 anos contra 78,16 dos homens. "É uma situação preocupante, porque é um perfil demográfico envelhecido, que vai requerer uma série de mudanças em várias políticas públicas, da saúde preventiva e educação à previdência, passando por mobiliário urbano, moradia, transportes", avaliou Juarez de Castro Oliveira, do IBGE. Por outro lado, o coordenador da pesquisa ressalta que o País tem uma grande vantagem populacional para impulsionar seu desenvolvimento: a chamada "janela demográfica". Os estudos do IBGE mostram que o País vive os últimos momentos da ascensão do número de pessoas em idade economicamente ativa (15 a 64 anos). Acrescente-se a isso a redução do peso da dependência das crianças. A população de 15 a 24 anos, que está às portas do mercado de trabalho, soma hoje 34 milhões de pessoas, pouco mais de 18% da população. Esse capital humano tende a diminuir nas próximas décadas. "A janela é um bônus demográfico que pode ser favorável ao crescimento econômico se esse potencial for bem aproveitado. Isso vai depender da qualidade da formação desses jovens", diz Oliveira.