A São Paulo Fashion terá um numero recorde de patrocinadores nesta edição, com o início marcado para o dia 25 de abril. Segundo Paulo Borges, o idealizador e diretor do evento, 17 marcas de diferentes setores apoiarão a próxima semana de desfiles, em um total de investimentos em torno de 12, 5 milhões de reais. “Esse valor representa cerca de 20 % a menos do que conseguimos na última temporada. Mas o momento não é de faturar mais e sim de fortalecer as parcerias”, afirma Borges, em primeira-mão para O Estado de S. Paulo. “Nós vimos que seria fundamental negociar com todos os parceiros. Alguns pediram reduções nas cotas. Outros, nós sentimos que estavam reticentes e já fizemos propostas mais enxutas. Enfim, fomos negociando com um por um”.
Além de renovar contrato com patrocinadores de peso das últimas edições como o shopping Iguatemi, a rede de lojas Riachuelo e a M. Martan, de roupas de cama, mesa e banho, Borges costurou novas parcerias com a Mercedes-Benz, a Coca-Cola e a Natura, que já foi uma grande aliada comercial do evento, mas há 8 anos estava distante do mundo das passarelas.
“A Natura está passando por uma evolução no seu posicionamento institucional com o lançamento da campanha Viva a sua Beleza Viva, na qual defende a moda como uma expressão de individualidade ”, diz Denise Figueiredo, diretora de marca e de consumidor da empresa. “Nossa entrada na SPFW representa uma conciliação de visões. A moda e a beleza hoje não seguem mais um padrão. É muito mais uma manifestação cultural e individual.”
Entre os investimentos previstos pela marca de cosmético, estão o apoio ao desfile do estilista Ronaldo Fraga e a montagem dos camarins no backstage, em que todas as modelos são preparadas para os desfiles. “Disponibilizaremos maquiagens, mas os estilistas e maquiadores terão autonomia total para usar ou não nossos produtos”, afirma Denise.
Já a Mercedes-Benz anuncia sua entrada no mundo da moda nacional ao mesmo tempo em que investe no segmento de luxo no Brasil, com a inauguração na semana passada de uma nova fábrica em Iracemápolis, no interior de São Paulo. A ideia é promover a venda dos modelos sedã Classe C e o utilitário GLA, que juntos respondem por quase 50% das vendas da marca no segmento de luxo no Brasil. “Nosso namoro com a Mercedes é antigo e agora finalmente deu certo”, diz Borges, lembrando que a marca alemã tem sua plataforma de comunicação globalvoltada para o consumidor de moda e, inclusive, foi grande patrocinadora da New York Fashion Week durante anos. Seguindo uma tendendo mundial de mercado, a SPFW terá a partir da próxima edição, em outubro, um novo modelo, em que as coleções apresentadas serão colocadas à venda logo após os desfiles, eliminando o atual intervalo de seis meses que as roupas levam para chegar às vitrines.
ENTRA E SAI De acordo com dados recentes do IBGE, o desempenho do varejo apresentou queda de 4,3% em 2015 e é o pior desde 2001. O segmento de tecidos, vestuário e calçados caiu 8,6%, atrás apenas do de eletrodomésticos, que diminuiu cerca de 14%. O baixo astral econômico generalizado, e a geração de estilistas nacionais dos anos 90 que não viu sua moda prosperar comercialmente e foi obrigada a abandonar as passarelas nos últimos anos compõem um cenário desafiador para o evento. Marcas conhecidas nacionalmente, como Animale e Cavalera, desistiram de desfilar nesta edição. Em compensação, o evento anuncia a entrada de outras seis grifes (entre elas, À La Garçonne, que terá linha de roupas assinada por Alexandre Herchcovitch). Por enquanto, o line-up conta com 37 desfiles, de 25 a 29 de abril, a maioria deles armada no Prédio da Bienal, no Ibirapuera.
Segundo os organizadores, o evento gera cerca de 11 mil empregos diretos e indiretos. “No momento em que as pessoas estão com essa energia ruim, cancelando iniciativas, cortando custos e as coisas estão deixando de acontecer, nós mostramos a confiança que inspiramos nos patrocinadores e a força da inovação e da energia criativa que a moda é capaz de produzir.”
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