Flavia Guerra
Inspirada em Tóquio e suas referências de estilo, Karen Fuke propós um verão ao mesmo tempo tradicional e contemporânea para a Triton. Exatamente como a capital japonesa, a coleção se baseou no contraste entre o tradicional (aqui evocado nas geometrias e dobraduras do origami, no rico bordado japonês, nas pinceladas das aquarelas, no rigor da alfaiataria) e o transgressor (das formas geométricas, mas assimétricas, das pinceladas precisas mas hiper coloridas, que chegaram em tons que foram desde o tradicional vermelho imperial até o violeta e o verde, do brilho e dos chapéus com viseira tão característicos dos 'turistas japoneses'). Se por um lado a estilista acerta ao mesclar as referências para criar uma moda atual, por outro a repetição e a variação sobre o mesmo tema (neste caso as belas estampas criadas pelo artista plástico Lucas Simões) enfraqueceu uma coleção que tinha tudo para encher os olhos. É fato que o jacquard de seda com bordado dourado trouxeram o ar sofisticado de um Japão de outrora. Mas também é fato que a profusão de pinceladas nos tons mais variados possíveis poderia ter sido mais balanceadas com peças mais sóbrias nas cores e mais ousadas nas formas. Talvez tenha sido um desfile para se destacar um item, no caso o da estampa. E talvez a Triton irá mostrar nas vitrines mais opções nos cortes (além das mini-saias plissadas, tão ao gosto das japonesas, os camisões com ares de anos 80 e dos macacões). A ver!
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