Quando cientistas foram buscar as raízes do riso humano, alguns chimpanzés e gorilas foram convocados a ajudar sentindo cócegas. É assim que muitos grandes primatas e bebês humanos riem. Após analisar os sons emitidos após as cócegas, os pesquisadores concluíram que pessoas e grandes primatas receberam a capacidade de rir de um ancestral comum, que viveu há mais de 10 milhões de anos. O trabalho apoia evidências de que a risada do homem e a do macaco são ligadas pela evolução, diz o especialista em primatas Frans de Waal, da Universidade Emory, nos Estados Unidos. Desde Charles Darwin, os cientistas notam que os primatas produzem sons característicos quando brincam ou recebem cócegas, aparentemente para sinalizar que estão interessados no ato. Mas seu riso não se parece com a versão humana. Para investigar a questão, Marina Davila Ross, da Universidade de Portsmouth, na Inglaterra, analisou os sons produzidos por três bebês humanos e 21 orangotangos, gorilas, chimpanzés e bonobos. Após identificar 11 tipos de sons, Marina e seus colegas mapearam de que forma eles estavam relacionados. O resultado lembra uma árvore genealógica. Além disso, essa árvore é equivalente à forma como as espécies estão relacionadas. Os resultados foram publicados ontem no site da revista Current Biology. Os pesquisadores também concluíram que, apesar de os sons humanos serem muito diferentes dos produzidos pelos primatas, suas características podem ter surgido de ancestrais comuns. Jaak Panksepp, da Universidade Estadual de Washington, que não está ligado a esse grupo, diz que a descoberta é importante por ser o primeiro trabalho formal de comparação entre risadas dos homens e de diversos primatas. Segundo ele, que tem uma linha de pesquisa parecida, até ratos produzem uma versão de riso em resposta a brincadeiras e cócegas. Panksepp acredita que a capacidade de rir é ainda mais antiga na linha evolutiva.