Uma norma em vigor dentro de um shopping do Rio de Janeiro proíbe que pessoas vadiem nas dependências do estabelecimento comercial. Vadias, para os proprietários, são todas as pessoas que vão ao shopping sem um motivo específico. Desde que a lei passou a valer, descobriram que a mãe do prefeito era vadia. Estava na pura vadiagem pelo shopping a espera da sessão do cinema, chupando um sorvete do McDonalds.
________________________________
Os donos do shopping também vetaram a entrada de quem "não estiver completamente vestido", ou de quem estiver usando roupas que "possam provocar algum tipo de distúrbio" social. A presidente Dilma seria barrada se viesse com qualquer tailleur de sua coleção. A direção do shopping acharia todos muito curtos. Deixar as pernas presidenciais à mostra pode gerar tumulto, tiro, porrada e bomba.
Uma recomendação semelhante a essa só foi dada pelo bispo Edir Macedo na inauguração do Templo de Salomão, em São Paulo. As periguetes fizeram uma petição online -contra o shopping e contra Jesus. "Passe livre no shopping, minissaia e ingresso pro céu já, porra!", escreveram no protesto.
As restrições estabelecidas pelo shopping caíram por terra poucos dias depois. Os donos do centro comercial decidiram retirar as proibições, alegando que o termo "vadiagem" é "infeliz". Infelicidade maior só errando a própria errata. Depois disso, não saber que a felicidade é diferente de alguns tipos de shopping carioca: uma possibilidade até mesmo a quem só queira dar um rolezinho. Vestir um short curto e colado. Um decote generoso. Ou só ver as lojas, chupando um sorvete enquanto o filme não começa. A vadiagem é feliz, sim.
_______________________________
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.