Um acervo raríssimo, espalhado por 32 bibliotecas de 19 países, está agora ao alcance de alguns cliques na internet. A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) lançou ontem, em Paris, a Biblioteca Digital Mundial (World Digital Library, WDL), um acervo literário e artístico online disponível em português e em outras seis línguas. A WDL (www.wdl.org) é, na realidade, uma midiateca e tem até agora 1,4 mil objetos digitalizados, entre livros raros, manuscritos, cartas, filmes, gravações sonoras, ilustrações e fotos. O acervo foi reunido com contribuições de bibliotecas nacionais e instituições culturais de países como Brasil, EUA, Uganda, Iraque, China, França e Rússia. No acervo estão antigas escrituras chinesas, manuscritos científicos árabes e exemplares raros, como Bíblia do Diabo, do século 13, e até aqui disponível para consulta apenas na Biblioteca Real de Estocolmo, na Suécia. O Brasil contribuiu por meio da Biblioteca Nacional. Além de obter informações gerais sobre o objeto, o pesquisador pode acessar links com informações completas, fazer download das peças e convertê-las em PDF. Mais tarde, a WDL absorverá parte do conteúdo da Europeana, que dispõe de 4,6 milhões de livros, mapas e fotografias, e da Google Book Search, que já conta com 7 milhões de obras digitalizadas. "Não estamos em competição com outras bibliotecas online. A vocação da Unesco é de apoiar as iniciativas de caráter patrimonial, diferentemente da Europeana e Google Book, que enfatizam a quantidade do acervo", disse Adbelaziz Abid, coordenador do projeto. Segundo James H. Billington, diretor da Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos e idealizador do site, ele vai ampliar a diversidade do material cultural disponível na web, reduzir a "fratura digital" - o fosso entre países desenvolvidos e em desenvolvimento - e estimular o multilinguismo. Além disso, permitirá acesso a obras antes restritas a bibliotecas inacessíveis ao grande público.
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