Futebol dentro e fora do campo

Opinião | É ver pra crer

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Foto do author Almir Leite

Dois meses atrás, o presidente da CBF, José Maria Marin, ao justificar viagem que faria dias depois à Inglaterra, disse que um de seus objetivos era verificar o local onde a seleção brasileira ficará concentrada. "Quero garantir que empresários não entrem no local, para evitar a perda de foco por parte dos atletas'', bradou.

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Pois bem, a seleção está desembarcando em solo inglês e é hora de ficar atento. Será o desejo de Marin cumprido num momento em que dois clubes ingleses, Chelsea e Manchester City, querem dois jogadores da seleção, Oscar e Lucas?

É de imaginar, até pelos precedentes, que não são poucos, que os dois garotos serão procurados por agentes ingleses. E pelos seus agentes também, visto que eles, principalmente o que cuida de Lucas, não vão perder negócio só porque Marin decidiu "embaçar''.

Até porque, em tempos de internet, telefone celular e "que tais'', não é preciso a presença física de alguém para negociar um contrato. Conversa-se virtualmente e, se for o caso, assina-se depois.

É o que será feito se Marin fazer mesmo valer sua intenção de não deixar entrar corpo estranho na concentração.

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Algo que eu duvido irá acontecer. Mesmo porque foi o próprio Marin que convidou vários presidentes de federação estadual para ir a Londres durante a "festa'', ops! Olimpíada. E eles certamente desfilarão pela concentração.

Querem corpos mais estranhos?

Além disso, no sábado um médico francês foi ao hotel onde a seleção estava hospedada, no Rio realizar os exames médicos que permitiram a Thiago Silva oficializar sua ida ao Paris-Saint Germain.

Não era empresário, mas era um corpo estranho à delegação.

Ou seja, se for necessário, Oscar e Lucas -e outros jogadores também, pois clubes italianos, por exemplo, ainda não esqueceram do goleiro Rafael - reivindicarão o mesmo tratamento. Será justo que tenham.

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Só espero que, caso a medalha de ouro não venha, tais visitas, se ocorrerem, sejam incluídas no rol de desculpas para o "fracasso'. (Fracasso? só se for por conta de interesses comerciais; fracasso esportivo para o futebol brasileiro de seleções é um só, não ganhar a Copa do Mundo.)

Mesmo porque, convenhamos: em tempos de profissionalismo, jogador que perde a concentração por conta de uma negociação, por mais euros, dólares e libras que a envolvam, não merece jogar na seleção brasileira.

 

 

Opinião por Almir Leite

Editor assistente de Esportes, cobriu 4 Copas do Mundo e a seleção brasileira por 10 anos

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