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A Lusa tentou, mas não suportou o tranco ao topar com a mão pesada dos donos da bola, que em nenhum momento admitiram a hipótese de contrariar o tribunal esportivo. O jogo bruto de bastidores a empurrou para o limbo da Segundona, com a perda de pontos como consequência da escalação irregular de Héverton, na rodada final do Brasileiro de 2013. Houve esboço de guerra de liminares na justiça comum, mas o clube paulistano viu a corda romper-se de seu lado com muita facilidade. O fôlego foi curto, como o poder lusitano de argumentação e persuasão.

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A capitulação veio com a declaração do presidente Ilídio Lico de que não via saída e a alternativa única era a de regressar para a divisão de acesso. Não deu maiores detalhes a respeito do humilhante recuo. Da mesma forma, não convenceu a tentativa de morde e assopra da nota oficial, em que a Lusa diz que jogará a Série B, mas continuará a debater-se até o fim por seus direitos. Isso e nada é a mesma coisa.

O conformismo não fecha o episódio; apenas empurra a poeira para baixo do tapete e evita dor de cabeça para a CBF e parceiros. Há questões sem resposta. Por que a Lusa acionou a marcha à ré, depois de triunfos iniciais? Por que a direção atual não cobrou explicações de Manuel da Lupa, o presidente na época da confusão? Se o Ministério Público de São Paulo, que entrou no caso pra valer e viu fortes indícios de irregularidades, não foi cobrado? Por que não se esclarece se houve apenas erro grosseiro na escalação do atleta ou má fé? Alguém, ou alguma agremiação, foi beneficiado com a patetada?

A polêmica foi enorme desde a metade de dezembro, as teorias de conspiração brotaram aqui, ali e acolá, indícios de mutreta despontaram. Até Héverton saiu da Lusa, foi para o Pará, anunciou a aposentadoria, voltou atrás. A troco de quê? E a celeuma morre assim, ingloriamente, como se nada de estranho tivesse acontecido? Uma pedra em tudo e vida que segue? E o torcedor da Portuguesa fica com cara de quê?

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Por falar em torcida: o que dizer aos atleticanos que confiaram no canto da sereia de que Adriano finalmente estava recuperado e seria a estrela da companhia na Libertadores, na Copa do Brasil e no Brasileiro de 2014? O moço passou meses a preparar o enésimo retorno, postou fotos em que aparecia fininho, como demonstração de força de vontade. Otimistas o viam como a salvação da lavoura para o comando do ataque da seleção na Copa! E, de quebra, fez um gol, um gol!, na partida que marcou a eliminação do Furacão no torneio continental.

Daí, veio o de sempre: faltou a treinos, foi visto belo e faceiro na noite de Curitiba, para em seguida receber o muito obrigado, passar bem e até logo. Adriano infelizmente é página virada, sombra do centroavante rompedor e de chute potente. Não é o primeiro caso de promessa que tem um brilhareco e se encaminha para final de carreira opaco, triste. A vida nos cobra pelas opções que fazemos.

Quem leva? Um dos hinos do Santos diz que é ele quem "dá a bola", no sentido de estar por cima, impor-se como vencedor. Então, está na hora de justificar a fama, no segundo duelo com o Ituano pelo título paulista. Na primeira parte, o Galo cantou no Pacaembu, ganhou com garbo e empurrou o ônus da reação para o rival famoso. Não creio que os santistas repitam atuação apagada, mas vão dançar miúdo para sair da enrascada.

*(Minha crônica publicada no Estado de hoje, domingo, 13/4/2014.)

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