Que participação extraordinária do comandante militar, 34 anos, diante de feras como Dunga, Cafu, Djalminha, Romário, Bebeto, Raí, Zinho ... Vai jogar bem assim lá na Chechênia! Apesar do empenho incomum do chefe, a equipe perdeu por 6 a 4. Ele marcou o segundo, quando empatou por 2 a 2, e o quarto (o Brasil já havia feito os seis). Um pênalti Kadyrov chutou para fora. O governante e Zetti foram os únicos a jogar com calça de agasalho comprida.
Numa breve entrevista ao serviço em inglês da TV Aljhazira, Denilson disse que se sentia feliz por participar de uma partida que levara alegria para um país que passou por "uma guerra, muitos anos atrás" e que estava sendo reconstruído. Futebol humanitário e desprendido. Vendeu-se a ideia de que os ex-atletas foram de graça para aquela região, pois em troca o governo checheno faria doações para as vítimas das enchentes no Rio. O deputado Romário, no entanto, revelou que abriu mão do carnaval porque a proposta foi compensadora. Viva a sinceridade.
A Chechênia é peça complicada no xadrez político e econômico da Rússia. É uma região rica em petróleo e gás, com um forte sentimento de independência. Nos últimos anos, vários foram os atentados terroristas atribuídos a grupos separatistas locais, que igualmente sofrem perseguição implacável do governo central russo. Kadyrov está no poder há cinco anos, com o respaldo de Vladimir Putin, presidente russo, e governa com mão pesada. Opositores dizem que ele não defende mais a causa do separatismo.
Eu só sei de uma coisa: mais uma vez o esporte é usado como propaganda por poderosos de plantão. E jogadores (no caso, veteranos) de novo aceitam entrar nesse tipo de jogo. Raros são os que têm claras ideias políticas, mesmo contrárias às nossas.