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(Viramundo) Esportes daqui e dali

Você sabe o que significa um Palmeiras x Corinthians?

Meus amigos, vivemos tempos entortados. Daqui a pouco tem Palmeiras x Corinthians e nem parece. Durante a semana, pouco se falou do dérbi paulistano, um dos duelos mais importantes do futebol brasileiro. Gastou-se tempo demais com a queda alvinegra na Libertadores e a consequente frustração de sua torcida. O alviverde assumiu a liderança praticamente na surdina e a proeza passou batida.

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Atualização:

"O mundo está de cabeça pra baixo!", lamentariam as comadres do Bom Retiro, solo sagrado de palestrinos e corintianos, que dali se esparramaram pelo mundo.

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Se quiserem, podem me chamar de velho. Não tem problema nenhum, não me ofenderei. Mas sou do tempo em que Corinthians x Palmeiras era assunto para no mínimo um mês. O encontro desses irreconciliáveis irmãos renderia discussões duas semanas antes e duas semanas depois do duelo.

De preferência no Pacaembu, que é a casa histórica do dérbi. Inflação, crises no governo, denúncias de corrupção, o mundo pegando fogo?! Isso poderia ser importante para os outros, não para as duas torcidas. Para elas, o futuro do mundo, o destino de suas vidas dependia do resultado do grande clássico.

O domingo do clássico, o dia D, era diferente. Pra início de conversa, se dormia mal. Cadê sono, se daqui a pouco tem Palmeiras x Corinthians?! O que o padre falou na missa? Não tenho a mínima ideia. Só lembro que pedi para Jesus, Nossa Senhora e quem mais pudesse que ajudasse meu time a ganhar.

A volta pra casa era na correria, pra colar o ouvido no rádio, ora na Pan-Americana ora na Bandeirantes. O Alexandre Santos revivia algum antigo Corinthians x Palmeiras e narrava os melhores momentos de jogos de 30, 40 anos atrás. Parecia que tinha sido na semana passada! Depois, Fiori Gigliotti contava a história de algum astro ligado ao clássico. Meus amigos, quantas vezes eu chorei! E quem conheceu o Fiori sabe do que estou dizendo. Era fera!

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Depois, era o próprio Fiori que me prendia a atenção, ou o Joseval Peixoto, ou o Pedro Luis. Era locutores extraordinários. Difícil dizer quem era o melhor. O estômago doía o jogo todo. Se meu time ganhava, implorava pro meu pai me dar um trocado pra eu comprar A Gazeta Esportiva ("o maior e mais completo jornal de esportes do continente"), que vinha com uma edição quentinha, no começo da noite. Tenho algumas guardadas até hoje...

Nestes dias, porém, quase não se tocou no jogo. O calendário não permitiu. Como o futebol é negócio, todo mundo precisa jogar, jogar, jogar. E lá foi o Corinthians pra Colômbia, onde tropeçou na quarta-feira e voltou com a Fiel a pular em seu pescoço. O Palmeiras na mesma noite jogou em Mirassol e pouca gente se deu conta que o time do Felipão, mortinho e desacreditado até três semanas atrás, renascia líder.

Os corintianos estão tristes por causa da Libertadores. Ok, toda dor de futebol se respeita. Mas corintiano de verdade, da gema, ponta-firme, tem a obrigação de esquecer hoje o desastre em Tolima - diga que é um torneio mixuruca! - e empurrar seu time. Ele não pode ser espezinhado nunca, tá certo. Sobretudo hoje, não! E os palmeirenses precisam acreditar que seu alviverde imponente vai sapecar uma surra no rival. Vai dobrar a crise no Parque São Jorge.

Mesmo que nada disso aconteça, o que interessa é a magia, eterna e insuperável, de Palmeiras x Corinthians. Meu amigo, você sabe o que é um Corinthians x Palmeiras? Mas sabe mesmo?* Bom domingo.

*(Esta frase e o título da crônica são adaptados de uma cena com Lima Duarte, no filme "Boleiros"  I, e se pretendem homenagem ao diretor Ugo Giorgetti.)

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