PUBLICIDADE

Após recordes e ouro em Dubai, Thiago Paulino quer curtir a 'família belezoca'

Os três recordes mundiais batidos neste ano, o bicampeonato parapan-americano em agosto, em Lima, e agora bicampeonato mundial em Dubai no arremesso de peso deram a Thiago Paulino muita dor de cotovelo. No sentido literal, claro. As inúmeras competições disputadas e o treinamento ocasionaram um incômodo que só vai ser curado agora, quando ele voltar para sua cidade natal, em Orlândia, no interior de São Paulo, e matar a saudade da "família belezoca".

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação

"Família belezoca, estamos chegando", disse ao comemorar o ouro em Dubai, que o garantiu nos Jogos de Tóquio-2020. Além da esposa e dos filhos, Thiago tem um grupo de amigos no interior paulista que recebeu esse apelido. Ele explica: "A gente começou com uma barbearia, depois virou um time de futebol amador. Faço parte da diretoria lá e é só amizade, pagode e churrasco. Com cerveja nas férias", brincou.

PUBLICIDADE

Paulino compete na categoria F57 (cadeira de rodas). Ele perdeu parte da perna esquerda em um acidente de moto em 2010, em Orlândia, onde vivia e trabalhava como vigilante. Descobriu o atletismo logo que deixou o hospital, como parte da recuperação. "Fiz meu primeiro arremesso, me apaixonei e não parei mais", contou.

Há dois anos, ele optou por ficar mais distante dos belezocas, mudou-se para São Paulo e passou a treinar diariamente no Centro de Treinamento Paralímpico. A saudade foi compensada com desempenho. No Parapan de Lima ele arremessou a 15,26 metros e bateu o recorde pela terceira vez só neste ano. Em Dubai, na sexta-feira, a dor no cotovelo impediu que viesse uma nova marca expressiva. Mas os 14,68 metros foram suficientes para garantir a medalha de ouro. "Quem é arremessador sabe que uma pequena dor atrapalha muito o desempenho, mas deu tudo certo", disse.

Estar no topo do mundo também tem seus percalços. Paulino contou que a arbitragem tem vigiado excessivamente de perto sua performance. Como as classes no esporte paralímpico são definidas pelo grau de deficiência do atleta, há quem reclame que o brasileiro não deveria estar na F57 onde os atletas precisam arremessar na cadeira de rodas. Paulino anda com uma prótese, mas compete sentado e com o cuidado de não mexer o quadril pois pode ocasionar na anulação do arremesso.

"Eles (árbitros) estão cada vez mais em cima, mas tudo bem. O ouro é nosso", comentou. "Este ano as coisas aconteceram. Agora é descansar um pouco porque o foco total vai ser a preparação para Tóquio. Quero conquistar essa medalha que falta no meu currículo", encerrou.

O Brasil fechou na sexta-feira, o segundo dia de competições no Mundial de Atletismo Paralímpico de Dubai, com duas medalhas de ouro, uma prata e outra de bronze. No dia anterior já havia faturado um primeiro e um terceiro lugares na competição. Com isso, está em segundo no quadro de medalhas, com seis no total, atrás da China, que tem 7 - três ouros, três pratas e um bronze.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.