O Comitê Olímpico Internacional negou nesta terça-feira à lançadora do dardo grega Sofia Sakorafa o direito de representar a Palestina no torneio olímpico de atletismo, alegando problemas formais. A atleta, de 48 anos, garantiu ter dupla nacionalidade e afirmou que a decisão ?contraria os ideais olímpicos?. Numa entrevista à imprensa nesta terça-feira, Sakorafa mostrou seu passaporte assinado pelo presidente da Autoridade Palestina, Iasser Arafat, provando ser daquela nacionalidade. Sakorafa competiu pela Grécia nos Jogos de Moscou, em 1980, e foi recordista européia do dardo em 1982, mas passou alguns anos afastada do esporte. Nesta quarta-feira, Atenas deverá assistir a um protesto de um grupo de mulheres para denunciar a discriminação sofrida ainda hoje pelas atletas de algumas delegações de países muçulmanos. A presidente do senado belga, Anne-Marie Lizin, apresentará um relatório no qual se pede que a Comissão de Direitos Humanos da ONU, a Comissão e o Parlamento Europeu e todos os países olímpicos apoiem a luta em favor dos direitos das mulheres nos Jogos Olímpicos. Lizin disse que tão grave quanto a antiga discriminação de atletas negros na África do Sul é a atual marginalização da mulher em determinados países muçulmanos. A Carta Olímpica estipula que ?qualquer forma de discriminação em relação a um país ou uma pessoa, seja por motivos raciais, religiosos, políticos, de sexo ou por outras razões, é incompatível com a pertinência ao Movimento Olímpico. No entanto, Arábia Saudita, Kuwait e Emirados Árabes Unidos já anunciaram que não incluirão mulheres em suas delegações olímpicas, enquanto Catar, Brunei e Omã não se decidirão até o último momento. Estes países alegam em sua defesa motivos religiosos e culturais. Por isso, Lizin afirmou que é preciso tentar conjugar os princípios olímpicos de não discriminação com as tradições de cada país. Como Lizin alerta, certas regras nos uniformes esportivos são aceitas para que as mulheres atletas muçulmanas possam participar dos Jogos Olímpicos sem entrar em contradição com suas tradições religiosas. Com isso, não haveria incompatibilidade técnica neste sentido. O problema, segundo Lizin, são as delegações mistas, que os países muçulmanos mais radicais não aceitam. Uma das organizações que defendem a não discriminação no esporte é o Comitê Atlanta-Sydney-Atenas, membro da Liga de Direito Internacional de Mulheres. A entidade pede que, com base nos Princípios Fundamentais da Carta Olímpica, as delegações que excluírem a presença feminina sejam proibidos de participar dos Jogos. Desde a fundação do comitê, em 1992, o número de delegações que excluem mulheres foi se reduzindo progressivamente, passando de 35 em Barcelona 1992 para 26 em Atlanta 1996 e nove em Sydney 2000. Um dos casos mais significativos é o do Afeganistão, que sempre rejeitou o esporte feminino, mas cujo presidente, Hamid Karzai, agora aceita e permite que uma mulher leve a bandeira do país.