Há quem veja uma imagem da Olimpíada de Atenas e sinta dor ? por não estar lá. Os motivos são diversos: às vezes por contusão, outras por momento de desatenção, por decisão pessoal do técnico ou mesmo falta de sorte. É quando o atleta vê à sua frente o desafio de dar a famosa volta por cima. É o caso, por exemplo, do velocista Claudinei Quirino, medalha de prata no revezamento 4x100 em Sydney/2000. Ano passado, o atleta tinha obtido o índice A exigido pela Confederação Brasileira de Atletismo (CBAt) para ir a Atenas. Precisava confirmar o B este ano. Uma cirurgia no quadril o impediu. Claudinei admite que ?sente uma coisa ruim? quando vê imagens de Atenas. ?Queria estar lá correndo, fazendo as coisas que eu sei fazer?, disse o velocista. ?Fiz o que podia. Cheguei ao limite e não deu?, lamentou. ?Mas sou guerreiro e já passei por muita coisa na vida. Não desisto.? Os primeiros dias após o fim do sonho foram difíceis. Neste período, o apoio da namorada foi fundamental e o que veio à cabeça foi se poderia ter feito algo diferente. Concluiu que não. Depois, vieram as primeiras mudanças. ?Algumas pessoas do trabalho começaram a me olhar diferente. Muitos amigos sumiram.? Mas Claudinei também disse que também conheceu o apoio. ?Veio de bons amigos e de gente que eu nem conhecia.? Lembrou de uma entrevista na TV e na qual chorou. ?Estava recente. Aí recebi um monte de e-mails de gente dando força?, conta. ?Um grupo de crianças foi entregar cartinhas lá no treino.? Como ainda resta chance de ser chamado caso algum atleta sofra contusão, Claudinei treina. Mas também já olha outros projetos. ?Tenho recebido convites.? Justiça ? Apesar de triste por não ir a Atenas, Claudinei elogiou a CBAt. ?Quem vai estar lá, é porque mereceu e não porque é o mais bonito, ou foi campeão.?, disse. ?Acho que esse negócio da regra ser cumprida foi bonito. É o certo.? A carreira, segundo ele, está longe do fim. ?Ainda tenho muita coisa para fazer. Ano que vem tem Mundial?, lembra Claudinei. ?E antes de parar quero fazer alguma coisa muito boa. Aí eu paro.? Experiência ? No processo de assimilação da derrota, é comum entre os atletas tentar transformar decepção em experiência. É o caso de Tiago Camilo. Medalha de prata na Olimpíada de Sydney, o judoca viu escapar a vaga de titular na equipe olímpica em luta contra Flávio Canto, que reverteu desvantagem a segundos do fim. ?Foi duro perder a vaga olímpica daquela maneira, faltando tão pouco?, admitiu. ?Mas aprendi e amadureci com isso.? O judoca agora pensa no futuro. ?São mais quatro anos para eu voltar a tentar a classificação para uma Olimpíada. Sou novo, mudei de peso, e já estou bem adaptado ao meio-médio.? Em outros casos, como de Carol, do vôlei, a tristeza tem sido domada com trabalho. ?Foram quase três meses de treinamentos fortes e é um pouco frustrante não participar dos Jogos Olímpicos. O corte acaba com o sonho?, disse. ?Mas agora é bola para frente, pensar no Finasa, que vem se preparando para o Campeonato Paulista.?