O técnico Antônio Carlos Barbosa quer calibrar a mão das jogadoras da seleção brasileira feminina de basquete nos poucos treinos que restam até a estréia do time nos Jogos Olímpicos de Atenas, sábado, contra o Japão (às 10h45, de Brasília). Hoje, resolveu dar uma folga às jogadoras, após 12 dias de viagens, treinos e competições ininterruptos. Acompanhou as meninas a um passeio na Acrópole, uma recompensa antecipada pelos dias difíceis que virão. Barbosa vai exigir precisão nos arremessos, em treinos duros de lances livres, bolas de dois ou três pontos. "Elas farão arremessos e mais arremessos, além da parte tática, é claro. Perdemos da China por um ponto errando 12 lances livres, um total de 58%, percentual que é muito alto", observou, referindo-se à derrota no torneio de preparação Fiba Diamond Ball, na Ilha de Creta. "O fato é que o time precisa melhorar na finalização das bolas. Nos treinos de segunda-feira cada uma fez 100 arremessos individuais, além da prática coletiva. Não se pode errar assim no alto nível", afirmou o técnico que, no entanto, acha que o time ainda pode crescer. Destacou o arremesso dos três pontos da armadora/ala Helen que é um dos melhores do mundo. A ala Janeth, pilar do time, tem mais que uma simples contratura muscular nas costas, uma preocupação adicional para o treinador, além dos arremessos certeiros. "Está com um pequeno problema na coluna." Uma ressonância magnética feita pelos médicos do Comitê Olímpico Brasileiro (COB) mostrou que Janeth tem discreta protusão discal (deslocamento de um disco intravertebral). "Não tem como não se preocupar, mas ela é muito forte, tem um biótipo privilegiado. Por enquanto, não quero pensar no time sem a Janeth." A ala está sendo medicada e fazendo fisioterapia e também não quer ficar fora da quadra. Janeth só jogou 26 minutos contra a China, em Creta, no dia 7. Sua lesão foi no segundo amistoso contra a Grécia, dia 1. "No começo as dores estavam muito intensas." Sem Janeth pode ficar mais difícil, mas o técnico entende que com o time completo o Brasil pode ser incluído na lista de favoritos, juntamente com Austrália, República Checa, Espanha, China e Estados Unidos - única seleção que está um pouco acima das outras. "O esporte está globalizado. Um time da NBA perde amistoso para a Itália, como ocorreu agora na preparação da seleção masculina dos Estados Unidos para a Olimpíada, o vôlei do Brasil campeão mundial perde para a Venezuela no Pan-Americano. O esporte mundial está mais homogêneo." Barbosa nunca viu seleções tão igualadas. As brasileiras estão no grupo A e terão ainda como adversárias na primeira fase a Grécia (dia 16), Rússia (18), Nigéria (20) e Austrália (22). No grupo B estão as seleções dos Estados Unidos, atual campeã olímpica e mundial, Espanha, China, República Tcheca, Coréia do Sul e Nova Zelândia.