Treinadores à perigo. Jogadores contestados pela torcida. Dirigentes aflitos atrás de soluções. Este tem sido o cenário de São Paulo e Santos após o final da Copa do Mundo. Os dois clubes vivem crise após três tropeços seguidos no Campeonato Brasileiro. E hoje, às 16 horas, na Vila Belmiro, se enfrentam sob pressão três dias antes de decisões importantes para seu futuro.No Santos, Dorival Júnior sente que o seu índice de aprovação despenca e reconhece que o ambiente entre os jogadores mudou. Mas rebate os que dizem que o principal motivo de o time ter caído tanto depois da Copa do Mundo é ele ter perdido o comando dos garotos."Não levo muito em conta isso aí. Tem muita maldade no nosso meio", retruca o treinador ameaçado. "Falaram isso também antes da conquista do Campeonato Paulista. É muita balela. O importante é que eu tenho confiança no meu trabalho e certeza de que a recuperação do nosso futebol é só questão de tempo."Antes da paralisação do Brasileiro, Dorival Júnior culpava a maratona de jogos, em razão da disputa simultânea do Campeonato Paulista e da Copa do Brasil, pela queda de produção. Mas, ao contrário do que ele previa, depois de duas semanas de descanso e treinos, o time piorou. Para o comandante santista, os responsáveis por tudo o que está acontecendo de errado no futebol santista são os empresários. "Não vamos aqui justificar os maus resultados, mas hoje há um assédio muito grande em cima de vários jogadores do Santos. Isso desarticula qualquer equipe", conta. "Os empresários fazem os clubes de reféns. São pessoas que cercam os jogadores e fazem de tudo para colocá-los contra o clube. A situação está fugindo do controle. Os jogadores terão apenas hoje para tentar levantar o moral e embalar para a primeira partida da final da Copa do Brasil, quarta, diante do Vitória, na Vila Belmiro. Não há outra alternativa frente a rival também em crise. Planejamento mantido. Preocupado com o futuro do time, mas não com sua permanência no cargo, Ricardo Gomes vai poupar praticamente todos os titulares do São Paulo no clássico. O foco está ajustado para a semifinal da Taça Libertadores, diante do Internacional, projeto prioritário da equipe na temporada."Vive-se a Libertadores no São Paulo de forma diferente daquela de qualquer outro clube do Brasil", justifica o treinador tricolor. "O torcedor só quer saber de Libertadores. Cheguei aqui para isso. Brigamos pelo título e o assunto, nestes últimos dias, mudou (rumores de sua demissão tiraram atenção da competição). Temos de voltar a nos focar na Libertadores."Apenas o goleiro Rogério Ceni e mais um jogador do time titular - Xandão é o principal candidato - serão escalados. Chance para os jovens Diogo (lateral-esquerdo) e Casemiro (volante), que sequer estrearam na equipe principal ainda. "Não é fácil para eles uma oportunidade com a equipe tão reformulada", explica Ricardo Gomes. "Não vou poder fazer uma avaliação final depois deste jogo. Não podemos ser muito duros."