Uma das equipes suspeitas de estarem há mais tempo em atividade é a Ferroviária. O Estadão recebeu uma mensagem enviada ao grupo de WhatsApp dos jogadores do time ainda no fim de abril. O conteúdo chegou à reportagem após ser repassado pelos atletas da equipe para colegas de outros times. O recado explica os procedimentos de trabalho no estádio Fonte Luminosa e apresenta a explícita orientação para os atletas não filmarem nem divulgarem as atividades.
"O setor de preparação física e fisiologia do clube preparou um protocolo de funcionamento e orientação para os atletas da instituição, visando abrir parcialmente as dependências do estádio a partir de segunda-feira (27/04)", diz trecho da mensagem enviada aos jogadores.
Procurada, a Ferroviária negou que tenha voltado aos treinos e disse que criou uma estrutura no estádio e no centro de treinamento apenas para atender atletas que necessitassem de estrutura de fisioterapia e musculação para se recuperar de lesões.
Uma outra equipe suspeita de ter realizado trabalhos antes da liberação foi o Oeste. O time de Barueri foi fotografado e filmado em uma reportagem publicada pelo site Globo Esporte na última semana. Os jogadores estavam sem o uniforme do time enquanto treinam em um campo público de grama sintética na cidade. O clube preferiu não comentar o assunto.
O Bragantino, por sua vez, admitiu ter treinado no início deste mês após receber uma autorização da Prefeitura de Bragança Paulista. A informação enfureceu outros times da elite durante reunião por videoconferência promovida pela FPF no dia 10 e levou a própria diretoria alvinegra a se desculpar em nota oficial. A equipe promete, agora, voltar só em 1º de julho, junto com os demais participantes.
"O Red Bull Bragantino decidiu, mesmo tendo liberação vigente da Prefeitura de Bragança Paulista, realizar os treinos de forma online", disse.
Aliás, a reunião em que o Bragantino admitiu ter treinado durante a quarentena causou grande comoção nos bastidores. Dirigentes que participaram do encontro contaram que os quatro principais clubes do Estado criticaram de forma contundente a postura do time alvinegro. Por outro lado, representantes de algumas equipes se mantiveram calados, uma postura que gerou nos demais a desconfiança de que havia quem apoiasse a volta às atividades mesmo antes da liberação do governo estadual.
"Tem um monte de boato sobre os times que estão treinando e até usando chácara de dirigente para se esconder. O único que teve a hombridade de confessar é o Bragantino. É quem eu menos critico. Eles tiveram a atitude de dar a cara para bater", afirmou ao Estadão o presidente do Santo André, Sidney Riquetto. "Estamos dez dias atrás de outros clubes. Tem meia dúzia de times que estão treinando esse tempo todo. Quando começar o campeonato, os jogadores deles vão estar 'voando' e nós estaremos se arrastando", completou.
O presidente do Santos, José Carlos Peres, também concorda. "Tivemos um fato desagradável que o Red Bull Bragantino voltou a treinar sem comunicar a Federação e os clubes", afirmou em entrevista à Santa Cecília TV.
Os times do Campeonato Paulista estão sem frequentar oficialmente os locais de treinos desde o início da quarentena, em março. A rotina de trabalho dos jogadores têm sido na maioria das vezes à distância, com um cronograma de treinos criado e enviado pelos preparadores físicos de cada time.