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Provas de rua de A a Z

Quando usar as meias de compressão

Confira as orientações de Kasuo Miyake, médico vascular doutorado pela USP

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Foto do author Silvia Herrera

Muitos maratonistas e ultramaratonistas fazem uso frequente das meias de compressão esportivas, que auxiliam a circulação do sangue. Kasuo Miyake, médico vascular doutorado pela USP e pesquisador de meias de compressão, explica como essas meias podem ser benéficas de forma preventiva, reduzindo o risco de lesões, e como  podem melhorar o desempenho, ajudando até o corredor iniciante a se recuperar mais rápido após um treino de corrida intenso. E com esse clima maluco, com ondas de calor e de frio, quando é melhor fazer o uso delas. Aliás, entre as diversas marcas, Dr. Kasuo indica as meias de compressão da Bauerfeind, empresa alemã que é patrocinadora do COI.

foto: acervo pessoal  

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Com essas ondas de calor, quais são os perigos de correr longas distâncias sem meia de compressão?

Kasuo Miyake: Com a onda de calor, a tendência é que a pessoa tenha mais inchaço, então é muito importante que ela tome bastante água, controle bem a ingestão de água, a reposição hídrica também, porque a pessoa também perde sal durante a corrida. Geralmente a pessoa não quer usar a meia de compressão por estar quente, mas se a perna da pessoa tem tendência a inchar, pode ter certeza que vai inchar bastante. O pé vai inchar e ficar grande dentro do tênis, vai perder as unhas e a perna inchada vai ficar quente também, até mais do que usando uma meia de compressão. Uma meia de compressão de qualidade ela tem uma alta respirabilidade, assim como as roupas de corrida. Já aconteceu de eu jogar golfe com mais de 40 graus e usar uma meia de compressão em um dia e no outro não usar e, mesmo com uma meia preta no sol, eu me senti melhor do que sem a meia.

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Existe algum estudo novo que aponte para uma melhora de performance com o uso da meia, seja no calor ou no frio?

Kasuo Miyake: Estudos sobre meia de compressão são bem complicados porque, se você avaliar uma pessoa em um dia mais quente ou mais frio, é sabido que a performance da pessoa altera de acordo com vários fatores: psicológicos, nutricionais, lesões e cansaço da musculatura de outras atividades. Então, é muito difícil fazer um estudo comparativo com a meia. Outra coisa é que, se um dia, um estudo comprovar que há uma melhora de performance com uma meia de compressão, ela vai se tornar um doping tecnológico, assim como as roupas de natação, e ela será proibida. Então não há o interesse nesse sentido, mas o que é sabido que no pós-treino existe a melhora nos atletas amadores. Os atletas de elite têm a perna tão perfeita que não precisam da meia de compressão. Mas se o atleta da elite não está conseguindo evoluir para se tornar mais competitivo, talvez ele tenha uma deficiência e precise de um médico vascular que estude muito a parte do fluxo sanguíneo.

O que melhorou na tecnologia nos últimos 10 anos que tornam as meias de compressão quase indispensáveis na prática da corrida?

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Kasuo Miyake: As meias melhoraram em vários aspectos. Primeiro elas têm maior opções de formatos de perna. Antigamente só tinha P, M e G, e hoje já tem até 18 formatos e também modelos customizados e exatamente no formato do pé do atleta. Outro fator foi a qualidade do fio e a sua elasticidade. O fio é feito especificamente para aquele modelo de meia, não é um fio comprado em qualquer lugar. Ele é feito exatamente para a meia de compressão, então tem que ter compressão constante, porque ele é costurado para o que o ponto seja mais apertado e vá afrouxando conforme e máquina vai costurando, então o ponto vai ficando mais frouxo para que a pressão seja maior no pé e tornozelo e vá diminuindo progressivamente. Um fio de qualidade vai se mantendo após várias lavagens. As meias que tem uma parte estética, que tem uma costura, um bordado, essas meias não são de performance, são mais para o lado estético. Então, as meias de compressão de alta performance não usam nenhum tipo de padrão escrito, bordado, pintado, porque é tinta que vai diminuir a respirabilidade, ou fios que vão alterar a elasticidade no local. Uma das formas para o atleta avaliar a meia é introduzi-la o braço inteiro, pegar na ponta dos pés e inverter para ver como é por dentro. A meia por dentro não pode ter fio sobrando, nem costura. Ela não pode ser dura, tem que ter elasticidade e alta respirabilidade. Então, quando você testa, coloca na mão e balança, você tem que sentir o vento.

 

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