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Dupla cria empresa com foco em leilões esportivos e gera mais de R$ 1,7 milhão em doações

André Georges e Manuella de Carvalho reúnem artigos e itens raros de ídolos do esporte na ‘Play For a Cause’

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Foto do author Marcio Dolzan
Por Marcio Dolzan
Atualização:

Foi a partir da arquibancada do Camp Nou, estádio do Barcelona, que o engenheiro naval André Georges teve uma ideia que, em três anos, já rendeu R$ 1,7 milhão a 86 entidades e ONGs de 18 estados do Brasil. Ao lado da sócia Manuella de Carvalho, eles fundaram a Play For a Cause, uma empresa que realiza leilões online de artigos e raridades esportivas e cuja maior parte da arrecadação é revertida em doações. Assim, a dupla une a paixão de torcedores com ações de alto impacto social.

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E tudo começou com uma cena corriqueira em jogos de futebol - ao menos em parte. “Fui assistir a um jogo do Barcelona, e em determinado momento o Iniesta pegou uma garrafinha, bebeu um gole d’água e arremessou na beira do campo”, recorda André. “Só que aí vários torcedores correram até lá oferecendo notas de 50, 100 euros, para os guardas que ficam na lateral pegar a garrafinha e entregar pra eles. Pensei: imagina quanto deve valer a camisa usada pelo cara, o short, a chuteira, o meião? Será que não tem como a gente aproveitar esse valor agregado e gerar recursos para investir em impacto social?”

À época, o engenheiro fazia seu mestrado na França e fez um primeiro teste. Ele entrou em contato com um time de pouca expressão daquele país e conseguiu uma camisa e um short de um jogador reserva, utilizados em um jogo em que a equipe perdera por 4 a 0. “O leilão rendeu cerca de 300 euros, que foi o suficiente para terminar a reforma de uma escola no interior do Malawi”, diz.

André e Manuella da Play for a Cause, empresa de leilões de itens esportivos com fins sociais, em escritório na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro. Foto: Pedro Kirilos/ Estadão

De volta ao Brasil, ele decidiu tornar a iniciativa em algo mais profissional. Conheceu Manuella - que estuda economia e negócios nos Estados Unidos e participa de projetos e ações sociais desde os 17 anos - e decidiram fundar uma empresa, que eles chamam de “um empreendimento social”.

“A gente fala que estamos no setor dois e meio”, brinca Manu, como é mais conhecida. Os dois entram em contato com clubes, colecionadores e outras entidades em busca de camisas autografadas, troféus e outros itens, e os coloca à venda em um leilão virtual. Do total arrecadado, 70% é doado, e o restante é utilizado para manter a estrutura da empresa, que tem sala e um total de 18 colaboradores.

LEILÕES

No início, a Play For a Cause tinha foco apenas em produtos ligados ao futebol, mas o leque foi ampliado com a chegada da pandemia. Isso porque, com a necessidade de lockdown, campeonatos no mundo inteiro foram suspensos e até mesmo as ações dos clubes cessaram. O jeito foi recorrer diretamente aos jogadores, mas a “corrente do bem” cresceu tanto que extrapolou os gramados.

“A gente contatou o Richarlison, que começou a contatar outros jogadores e formou uma corrente. Logo em seguida foi o Neymar, que chamou o Bruninho do vôlei, que chamou o Thiaguinho do pagode… Ampliou de uma maneira que foi muito além do futebol. A gente tinha itens de basquete, de vôlei, um violão…”, conta André.

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Os leilões têm alguns clientes cativos, e os produtos já foram vendidos para mais de uma dezena de países. Entre os artigos, há um pouco de tudo. No último mês, uma camisa do Manchester United da temporada passada e autografada por Cristiano Ronaldo foi vendida por R$ 5.240,00. E um dos próximos itens a entrar no catálogo promete ser disputado: trata-se de uma bola de futebol de 1954, autografada posteriormente por alguns dos atletas da seleção de 1958, incluindo Pelé.

O valor arrecadado é doado para diferentes instituições, sendo que em alguns casos quem ofereceu o objeto escolhe a destinação. “Antes era voltado só para educação, mas hoje em dia a gente ampliou para diversas causas. Percebemos que cada clube, cada colecionador, tem um foco diferente. Por exemplo, fizemos uma parceria com o Atlético Mineiro no ano passado, quando o Guilherme Arana machucou a cabeça e perdeu muito sangue. Eles falaram: queremos fazer uma campanha com foco na doação de sangue”, exemplifica Manu.

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