Espírito olímpico não é prioridade na seleção de Mano

Técnico diz que o futebol nos Jogos não tem o mesmo apelo dos outros esportes e que o importante é vencer

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RIO - O velho espírito olímpico não é prioridade na seleção brasileira. A ideia de que o importante não é vencer, mas competir, foi descartada ontem pelo técnico Mano Menezes. A medalha de ouro olímpica é o único título que o futebol brasileiro não tem. E o técnico sabe que um resultado ruim em Londres pode custar seu emprego. Para Mano, o espírito olímpico já está "um pouco deturpado de modo geral". "A avaliação que se tem hoje é de que o importante mesmo é ganhar. Você valoriza quem ganha em detrimento dos outros, então fica difícil continuar acreditando nesse espírito olímpico", admitiu.A seleção não vai ficar hospedada na Vila Olímpica, mas em um hotel. Mano quer evitar os "perigos" da Vila. "Na medida do possível, vamos fazer uma visita, quando acharmos adequado, exatamente para que os atletas possam ter a dimensão do que são os Jogos, vendo os principais atletas do mundo. Só não vamos permanecer nela pelos problemas que poderia trazer", disse. Para Mano, o futebol está fora do "contexto olímpico". "Às vezes, o futebol não é visto com tanta simpatia por outros atletas, justamente por já ser muito grande individualmente".O técnico já adiantou que acha difícil a participação no desfile de abertura dos Jogos devido às questões de logística, já que as partidas do futebol são em diferentes cidades. Na capital inglesa, a seleção só jogará caso chegue à final, em 11 de agosto. "O desfile é uma festa muito linda, mas é bom provável que não possamos participar como gostaríamos", afirmou o treinador. Renovação. Mano quer aproveitar os Jogos para consolidar o processo de renovação da seleção brasileira. Um bom resultado, segundo ele, será uma grande oportunidade para "afirmar e reafirmar" os jogadores no cenário internacional: "Porque é contra eles que vamos disputar os principais jogos daqui para frente".Como a preparação para os Jogos se dá durante o período de transferências no futebol mundial, o técnico tem tentado manter os atletas afastados das negociações. Mas, no último sábado, o capitão da seleção, zagueiro Thiago Silva, assinou contrato milionário com o Paris Saint-Germain. Entre um treino e outro no Rio, ele recebeu o médico do clube francês e passou por exames, no hospital onde o grupo estava concentrado.Ainda assim, Mano disse que tem contado com uma "consciência muito grande" por parte dos jogadores. "A atenção deles está voltada para o trabalho. Quanto mais jogarem pela seleção e melhor for o desempenho deles, mais valorizados eles vão estar, seja para onde forem depois dos Jogos. É ótimo sair como campeão e chegar em um novo lugar depois de conquistar um título".O treinador contou que já havia conversado com Thiago sobre a transferência do Milan para o PSG, durante os amistosos de maio e junho, quando começaram as negociações.

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