Estádio terá empresa gestora

Prefeitura assina com holandeses para transferir administração para empresas, incluindo o Corinthians

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Por Redação
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Os responsáveis pela administração do Pacaembu concordam em pelo menos dois pontos. Primeiro, "nenhum estádio envelheceu com tanta dignidade", na frase de Alessio Gamberini Júnior, coordenador geral de equipamentos esportivos do município. Segundo, "o estádio precisa chegar a seu tempo", como diz seu diretor, Mauro Sernardes Castro. Não há contradição. O estádio é digno, embora velho, mas precisa ser modernizado. A síntese vem do secretário municipal de Esportes, Walter Feldman: "É possível ampliar e atualizar o Pacaembu sem tirar suas características de estádio de médio porte e charme clássico."O problema é que o desafio não é simples. O custo de uma reforma completa é estimado em cerca de R$ 300 milhões. Sem alterar a "casca" do estádio, cuja forma e altura são protegidas pelo Patrimônio Público, a reforma incluiria a unificação das arquibancadas com o tobogã, a cobertura desse anel, a construção de garagem de 4.500 vagas debaixo dele, a modernização de assentos e instalações e o acréscimo de outros pontos de comércio e lazer como restaurantes e lojas.A capacidade seria ampliada para 45 mil lugares. "Assim teríamos uma arena moderna e multiuso, pronta para receber shows de música e outros eventos rentáveis", diz Feldman. Para financiar essa reforma, patrocinadores privados, como grandes marcas mundiais, estão sendo convidados a participar, com apoio do poder público.O primeiro passo nessa direção já foi tomado. A Prefeitura acaba de assinar protocolo de cooperação com a Amsterdam Arena, empresa que gere o estádio do Ajax, na Holanda. A ideia é desenvolver um modelo semelhante para o Pacaembu. Por meio de concessão, uma empresa gestora assumiria a administração do estádio e os investimentos feitos por um "pool" de patrocinadores. Entre eles, segundo as conversas entre Feldman e o diretor de marketing Luís Paulo Rosenberg, deverá estar em destaque o Corinthians, que poderia bancar até um terço da reforma em troca de mandar ali cerca de 50 jogos por ano. "O Corinthians não seria o dono do Pacaembu e nem mesmo o gestor, até porque não tem expertise em gestão", informa Feldman. "Ele seria um condômino." Outros clubes poderão utilizar o estádio mediante pagamento de aluguel.Já como parte dessa decisão, em breve será possível ver um time de "comissários" nos jogos. Eles são híbridos de monitores e seguranças, com a função de orientar os torcedores até seus lugares e zelar pela ordem. Cerca de 150 pessoas serão treinadas pela Amsterdam Arena especialmente para desempenhar esse papel. "Essa é uma exigência do Estatuto do Torcedor, na realidade", lembra Feldman, "mas não foi cumprida por ninguém ainda."Com isso, a secretaria pretende continuar a melhorar o Pacaembu. Há dois anos, quando inaugurado o Museu do Futebol (com custo de R$ 30 milhões divididos entre a Prefeitura de São Paulo e a Fundação Roberto Marinho), ele também recebeu um aporte de R$ 6 milhões. Mauro Castro conta que essa verba foi usada para retirar 550 cm³ de terra do gramado, que haviam sido postos em camadas ao longo das décadas (e dos quais 200 cm³ foram reutilizados), para recuperar o antigo sistema de drenagem e acrescentar um novo, corrigir a pista e reduzir o consumo de energia e água por meio de novos equipamentos. Para Feldman, "tiramos o Pacaembu dos anos 50 e trouxemos para os anos 80" - e agora é a vez de começarmos a trazê-lo para o século 21.Todos lembram também que o Pacaembu não é só um estádio; é um clube, de acesso gratuito para quem mora ou trabalha na região, e também um clube-escola, onde professores de educação física dão aulas de natação, tênis e futebol para crianças e adolescentes. Entre as ambições da direção do complexo esportivo está reformar o piso da quadra, transformar a piscina olímpica em local permanente para competições de polo aquático e concluir a reforma do ginásio de tênis, no qual até um antigo e elegante bar se encontra inutilizado. "O Pacaembu tem uma grande história e uma ótima localização", diz Feldman. "Cabe a nós fazer o que falta."

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