Futebol do Brasil estréia na Olimpíada

A seleção feminina de futebol, a primeira representante do País a entrar em ação na Olimpíada, terá o apoio de mais de 25 mil torcedores no jogo contra a Austrália, a partir das 12 horas (de Brasília), em Tessalônica.

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Por Agencia Estado
Atualização:

O Brasil inicia nesta quarta-feira sua participação nos Jogos Olímpicos, na Grécia, com a sensação de estar em casa. A seleção feminina de futebol, a primeira representante do País a entrar em ação, terá o apoio de mais de 25 mil torcedores no jogo contra a Austrália, a partir das 12 horas (de Brasília), em Tessalônica, a pouco mais de 500 quilômetros de Atenas. O Estádio Kaftanzoglio estará cheio, pois, um pouco mais tarde, às 15 horas , o time masculino da Grécia enfrentará a Coréia do Sul. E, na delegação, ninguém tem dúvida de que a torcida grega estará em peso com os brasileiros. "A torcida vai ser toda nossa. É bom, para nós, que a Grécia jogue no mesmo dia", festejou o técnico Renê Simões. O respeito do povo local pelo futebol brasileiro é enorme. Camisas da seleção são encontradas facilmente nas lojas de Tessalônica. Em Atenas, as que fazem mais sucesso são as de Rivaldo, recém-contratado pelo Olympiakos. Cada vez mais, os profissionais do Brasil desembarcam na Grécia. Hoje, as meninas treinaram no Estádio Apollon Calamaria, onde atua o Calamaria, time promovido para a Primeira Divisão na última temporada. Seu técnico é Eduardo Amorim, aquele mesmo que foi campeão da Copa do Brasil com o Corinthians em 1995. Mas torcida não ganha jogo, embora ajude. É por isso que Simões vem pedindo seriedade e concentração às jogadoras. Sua cartilha, implantada durante a fase de preparação, não é das mais amenas. Um exemplo: ninguém pode dormir depois das 23 horas. E não vale ficar trancada no quarto do hotel vendo televisão. "É preciso dormir pelo menos 9 horas por dia." Telefone e internet têm limite. Normalmente, a permissão não passa de 20 minutos - em dia de jogo, nem pensar. E, para celebrar a disciplina, Simões exagerou. Nos dias em que que a equipe ficou hospedada na Vila Olímpica de Atenas, na semana passada, obrigou as garotas a andar na faixa de pedestre, mesmo que não houvesse nenhum carro por perto - e quase não havia mesmo, porque poucas delegações haviam chegado na ocasião. "As pessoas de fora estranhavam, mas é bom fazer o simples e o certo", afirma Simões, que se diz mais treinador de pessoas que de jogadores, não é, porém, esse carrasco que pode parecer. Longe disso. Seu estilo disciplinador, mas amigo, agrada às atletas. Nos últimos dias, liberou os instrumentos musicais e o samba na concentração. "É importante para que elas relaxem." E, como de costume, exibiu uma série de vídeo motivacionais e insistiu nas reuniões de grupo. O trabalho, de menos de seis meses, parece estar dando resultado. As garotas absorveram o espírito do profissionalismo e conseguiram chegar à estréia da Olímpiada bem física e psicologicamente. Há alguns meses, a goleira Andreia e a atacante Roseli estavam 6 quilos acima do peso. Hoje, exibem orgulhosas a cintura fina. "Elas começam a treinar antes mesmo de eu entrar no campo", conta Simões, orgulhoso. Seu antecessor, Paulo Gonçalves, criou uma série de atritos com o elenco e acabou dispensado pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF) no início do ano. Amanhã, o primeiro grande teste. Simões usará o esquema 3-4-3, buscando o ataque, mas com cautela. A atacante Marta, jovem de apenas 18 anos, é uma das principais promessas da seleção. Ao seu lado, estará a experiente Pretinha, de 29. Hoje, ela deu um susto na comissão técnica ao deixar o treino após pancada no tornozelo direito. Nada grave foi constatado e sua presença está confirmada. "Desta vez, vem medalha", apostou Pretinha, fazendo referência ao quarto lugar conquistado em Atlanta, em 96, e em Sydney. O Brasil está no Grupo G, com Austrália, Estados Unidos e Grécia. Três dos quatro times avançam às quartas-de-final. As adversárias da próxima partida, no sábado, serão as fortes americanas.

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