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Aos 31, Neymar ainda é um poço de incertezas no futebol e na vida pessoal

Jogador ainda tem desafios a cumprir na carreira, precisa dar uma resposta se vai jogar pela seleção e encaminhar o futebol que o fez gigante de uma forma que ele próprio esperava quando deixou o Brasil

colunista convidado
Foto do author Robson Morelli
Por Robson Morelli
Atualização:

Neymar chega aos 31 anos cheio de incertezas e de uma carreira que ainda não atingiu o que se esperava dela quando ele trocou o Santos pelo Barcelona em 2013. Neymar convive com o certo e o duvidoso e tem entre os amantes do futebol um misto de amor e desilusão, como ele mesmo ensinou em sua série na Netflix, entre ser o Batman e o Coringa ao mesmo tempo.

Neymar não é uma coisa nem outra. Nunca foi o herói que muitos idealizaram que ele pudesse ser nem o vilão das histórias em quadrinhos transportadas ao futebol. Aos 31 anos, Neymar ainda é um jogador que busca seu lugar na história.

Neymar retoma partidas do PSG depois do fracasso na Copa do Mundo do Catar Foto: Anne-Christine Poujoulat / AFP

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Não há dúvidas de que seu futebol provoca orgulho nos brasileiros, mas esse sentimento se perde quase que instantaneamente com suas bolas fora, em campo e na vida pessoal. Neymar é um produto inacabado do futebol brasileiro, mas não só dele. É também da sociedade brasileira e de suas imperfeições. Aos 31, esperava-se mais amadurecimento de um atleta que começou cedo e já provou de tudo na carreira.

Neymar, no entanto, é um poço de incertezas. Antes, não se sabia se ele queria mesmo permanecer no Barcelona. Agora, tem-se a mesma impressão em relação ao seu contrato com o Paris Saint-Germain. Nem se sabe ao certo se o futebol é seu maior interesse. Neymar é um polvo cheio de braços e de outros afazeres que não apenas o futebol, diferentemente de outros profissionais do seu nível, que tem no trabalho de campo seu único foco, como Messi e Cristiano Ronaldo (que também faz aniversário neste domingo). Isso não quer dizer que os colegas não se interessam por outros temas e negócios, mas Neymar, diferentemente deles, se afunda em suas atividades extras. Neymar é uma empresa. Não é mais um jogador de futebol.

Aos 31, está, inegavelmente, mais perto do fim do que do começo de sua vida no futebol. Ele mesmo se colocou na missão de decidir se ainda vai jogar pela seleção brasileira no próximo ciclo de Copa do Mundo, que começa em março e vai até julho de 2026. Ele ainda deve essa resposta ao povo brasileiro e poderia dá-la muito bem no dia do seu aniversário. A seleção brasileira precisa de Neymar e, talvez, só abra mão dele quando seu condicionamento físico não suportar mais o que sua cabeça pensa dentro de campo. Mas nem isso se sabe de Neymar.

Nesse caminho até os 31, esperava-se que ele já fosse campeão do mundo e eleito, ao menos uma vez, o melhor jogador do planeta. Nada disso, no entanto, aconteceu em sua vida. Mesmo no PSG, ele ainda não cumpriu o desafio de ganhar uma Liga dos Campeões. Agora, não joga mais sozinho, nem é o principal jogador do time francês, com Messi, campeão do mundo no Catar, e Mbappé, um vendaval que assopra o futebol europeu, ao seu lado.

Na vida pessoal, Neymar cuida de todos que o cercam, cria seu filho com o mesmo carinho que recebeu do pai e vai levando suas relações de agitador cultural e homem livre na pista. Tem a família por perto, ganha dinheiro como nunca imaginou, mas ainda vive entre minutos de paz e alegria e cobranças e pressão que sempre o cercaram. Olho para Neymar e vejo uma alegria falsa. Tomara esteja errado. E tomara que ele tenha mais bons momentos do momentos ruins agora que entra para a faixa dos trintões.

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