A CPI da CBF/Nike chega nesta terça-feira a seu final da forma desalentadora, sem dispor de um relatório oficial com a conclusão dos trabalhos. O indiciamento de 33 pessoas, solicitado pelo relator Silvio Torres (PSDB-SP) - entre elas o presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), Ricardo Teixeira, o sócio de Pelé, Hélio Viana, e o presidente de 21 federações - nem mesmo será votado. É essa a estratégia que deverá ser utilizada pelo presidente da comissão, deputado Aldo Rebelo (PcdoB-SP), para evitar que seus colegas da chamada "bancada da bola", ligados à CBF, modifiquem o relatório de 830 páginas divulgado na última quinta-feira pelo deputado Silvio Torres (PSDB-SP). Rebelo alega que é melhor ficar sem um relatório final do que permitir que a conclusão de oito meses de investigações venha a ser mutilada. "Podemos ficar sem relatório, mas não com o relatório deles", consolou-se. De acordo com o deputado José Lourenço (PMDB-BA), pelo menos "15 ou 16" dos 25 membros da comissão defendem que a CPI não reuniu provas suficientes para propor a maior parte dos indiciamentos. O substitutivo que deve provocar a "implosão" dos trabalhos, segundo o deputado, vai responsabilizar unicamente os envolvidos no tráfico de jogadores menores de idade e na falsificação de passaportes, este últimos de forma incompleta. Pelo entendimento de Silvio Torres, não caberia indiciar os responsáveis pelo crime de falsificação cometidos fora do Brasil. Torres nem mesmo se preocupou em apresentar no relatório uma repreensão pública às pessoas apontadas pelo sub-relator Jurandil Juarez (PMDB-AP) como envolvidas no esquema. São eles: os ex-jogadores Careca, Edmar e Edinho, este último agente da Fifa, o presidente do União São João, de Araras, José Mário Pavan, e o funcionário do Itamaraty em Bruxelas, Otávio Monteiro Barros.