Casal são-paulino deixa filhas com as avós para acompanhar final da Sul-Americana em Córdoba

Juntos, Patrícia e Luiz Gustavo já assistiram no estádio mais de 300 jogos do São Paulo; sábado, contra o Independiente Del Valle, será mais uma decisão

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Por João Henrique Pugliesi
Atualização:

O torcedor do São Paulo vive a expectativa da conquista de mais um título internacional. A ansiedade toma conta e um casal em especial não vê a hora de a bola começar a rolar neste sábado, no estádio Mário Alberto Kempes, em Córdoba (Argentina), na final da Copa Sul-americana, diante do Independiente Del Valle, do Equador.

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A jornalista Patrícia Marzanasco Paternostro (40) e o empresário Luiz Gustavo Paternostro (39), casados há seis anos, são figuras carimbadas no Morumbi, têm ótimo relacionamento com os jogadores e criaram um perfil no Instagram (@casalspfc) que já atingiu a marca de 81 mil inscritos em oito anos de existência.

Neste ano, já viram o time do coração in loco em 30 ocasiões entre jogos do Campeonato Paulista, Copa do Brasil, Sul-americana e Brasileirão e, segundo dados do casal, “já são mais de 300 partidas com certeza desde 2010, quando começamos a namorar.” Antes de seguirem para Córdoba, o simpático casal conversou com o Estadão e contou a história do amor entre eles e a paixão de ambos pelo time tricolor.

Mãe de duas meninas (“são-paulinas, lógico!”), Sophie, quatro anos, e Julie, dois anos, Patrícia confessa que, desde o apito final do jogo contra o Atlético-GO, que assegurou o São Paulo na decisão da Sul-americana, a rotina em sua casa mudou. “Aquele jogo foi uma loucura. Classificação nos pênaltis. Daí a gente já começou a pensar na viagem, passagens, hotel e com quem deixar as meninas. Elas irão ficar com as avós. São poucos dias fora, mas tem que estar tudo organizado”, destaca a jornalista, que é assessora de imprensa da apresentadora, modelo e atriz Solange Frazão.

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Patrícia e Luiz Gustavo embarcam para acompanhar o São Paulo na final Foto: Arquivo Pessoal

Luiz Gustavo lembra que eles estavam presentes na última conquista internacional do São Paulo, a Sul-americana de 2012, diante do Tigre, da Argentina. “A gente foi pra La Bombonera e depois no Morumbi. Foi o primeiro e único título que vimos juntos no estádio. Imagina a nossa ansiedade. No ano passado, fomos campeões paulista, mas devido à pandemia, assistimos de casa pela TV”, argumenta o empresário. “Como a gente mora a 500 metros do Morumbi, eu e a Paty fomos receber o ônibus do time na chegada ao estádio. Fiquei gritando na rua como um louco”, acrescenta.

SUCESSO NO INSTAGRAM

Após a passagem pelo departamento de esportes da TV Record, onde trabalhou de 2007 a 2013, Patrícia adquiriu o hábito de filmar pelo celular alguns jogos do São Paulo e editar os gols. Mas ela queria mais, mostrar para mais pessoas, compartilhar com outros torcedores a alegria do casal. “Daí falei para o Gu, vamos criar um perfil no Instagram? Na hora, ele curtiu e daí nasceu o Casal SPFC. Começamos a postar com a volta do Kaká ao São Paulo, em 2014″, explica Patrícia. “A gente tinha de dividir isso com alguém. As nossas emoções. No começo eu travei um pouco, mas fui me soltando. É muito legal levar os bastidores a quem não tem acesso. A Paty manda muito bem”, acrescenta o marido fanático pela esposa e pelo time.

Desde 27 de julho de 2014, data da primeira publicação, o número de seguidores vem crescendo bastante e atualmente o perfil @casalspfc conta com mais de 81 mil pessoas acompanhando as mais de 2.800 publicações entre fotos e vídeos, que contam um pouco a trajetória do time nestes últimos oito anos. “O retorno é fantástico. As pessoas se identificam muito com a gente. Elas gostam de ver marido e esposa juntos no estádio torcendo e vibrando. Elas percebem o quanto nós somos companheiros até no futebol”, salienta Patrícia.

Um dos vídeos atingiu uma marca até então inimaginável para o casal. Dia 30 de junho deste ano, oitavas de final da Copa Sul-americana, em Santiago, contra o Universidad Católica, do Chile, vitória por 4 a 2 e um golaço de Calleri, registrado pelas lentes do celular de Patrícia. “Filmei como filmo todos os gols e postei no canal. Mas o vídeo foi viralizando de tal maneira, que hoje conta com mais de 10 milhões de visualizações e quase 1 milhão de curtidas. Por causa do Calleri, o Olé da Argentina pediu para usar, um canal da Inglaterra também e eu só pedia pra colocar o crédito @casalspfc. Os jogadores curtiram, o Calleri e o Patrick vieram falar com a gente, e vimos que o número de inscritos aumentou bastante. Realmente foi impressionante.”

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Outro momento marcante nesta trajetória na Copa Sul-americana foi o primeiro jogo da semifinal, contra o Atlético, em Goiânia. O casal foi no mesmo voo da delegação na ida e na volta. “A gente foi cheio de esperança e aconteceu o que aconteceu (derrota por 3 a 1). Na volta, todo mundo calado e o Igor Gomes (expulso naquela partida) estava desolado. Eu tive dó, tenho aquele espírito de mãe e vi que ele estava sofrendo”, conta Patrícia. “Mas no fundo todos sabiam que nada estava perdido e que dava para reverter no Morumbi. Fato que acabou acontecendo”, frisa Luiz Gustavo.

Esta será a primeira decisão no estádio registrada nas redes sociais. “A gente não sabe ainda a que teremos acesso em Córdoba. Mas a reação da torcida e a nossa emoção nós vamos passar para quem não teve a oportunidade de viajar. Quem sabe a gente não consiga chegar pertinho deles. Queremos fazer parte desta história. Se Deus quiser, vai dar certo”, acredita o confiante Luiz Gustavo.

O casal Patrícia e Luiz Gustavo com o atacante Calleri Foto: Arquivo Pessoal

NAMORO EM TRÊS CORES

Patrícia e Luiz Gustavo estudaram juntos no Colégio Magno, mas a vida deles não se cruzou naquele momento. Doze anos depois, em 2010, quis o destino, através do Orkut, que eles se aproximassem. “Estava morando em Barcelona, mas a gente se falava direto e eu vinha muito ao Brasil. Num destes encontros, eu a convidei para ir ao cinema. Qual foi nosso primeiro filme juntos no cinema? Soberano, o filme que contava a história da conquista dos nossos seis títulos brasileiros”, conta Luiz Gustavo, rindo, convicto da escolha correta para conquistar de vez aquela que seria futuramente a mãe de suas filhas.

No ano seguinte, Luiz Gustavo retornou de vez ao Brasil, e os mimos, envolvendo as três cores, não pararam por aí. Com um ano de namoro, Patrícia presenteou o marido com algo que certamente ele iria adorar. “Eu comprei as luvas do Rogério Ceni e ele escreveu uma dedicatória para o Gu, nos parabenizando pelo primeiro ano de namoro.”

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Para a jornalista, torcer por um time em comum foi importante para a união do casal, mas não essencial. “Conhecemos vários casais apaixonados que cada um torce para um time e eles estão felizes. Mas lógico que fazemos todos os programas juntos, vamos ao estádio juntos, frequentamos o clube e as meninas quando estiverem maiores, também irão nos acompanhar. Neste sentido é bem legal. Não brigamos por futebol.”

Não seria uma novidade se no dia do casamento, em 3 de setembro de 2016, a decoração ou até mesmo a música para a entrada do noivo, remetessem às cores ou ao hino do São Paulo. Mas nada disso aconteceu. Houve sim, uma surpresa organizada por um dos convidados, o assessor de imprensa do clube, Felipe Espindola. “Não sabíamos de nada, mas a pedido do Felipe, que é nosso amigo, o Luís Fabiano e o Rogério Ceni gravaram vídeos desejando felicidades para nós. Quando vimos aquilo não acreditamos. Todo mundo ficou parado e prestando atenção. Foi muito emocionante”, recorda Patrícia.

PAIXÃO DE INFÂNCIA

Patrícia é filha do jornalista Charles Marzanasco, falecido há três meses, de quem herdou a paixão pelo São Paulo. “Apesar de ser muito ligado ao automobilismo (Charles foi assessor de imprensa de Ayrton Senna e da Audi Motors por muitos anos), meu pai adorava futebol e era são-paulino fanático. Eu nem era nascida, mas ele participou de um jogo com o time principal do São Paulo numa reportagem para a revista Placar, que tinha como manchete Eu Joguei na Máquina Tricolor. Não tinha como eu amar outro clube.”

A relação de Luiz Gustavo como o São Paulo teve um início marcante. A final do Mundial de Clubes de 1992, no Japão, diante do Barcelona. “Eu me entendo são-paulino desde 13 de dezembro de 1992, quando eu tinha nove anos. Assisti àquela aula de futebol e nunca mais me esqueci. Depois o meu amor só foi aumentando.”

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FECHADOS COM CENI

Como jornalista esportiva, Patrícia já conhecia Rogério Ceni, mas o marido não. O primeiro contato dele com o ídolo foi em Munique, na Alemanha, em 2013, por ocasião da disputa da Audi Cup, torneio que o São Paulo participou ao lado de Bayern, Milan e Manchester City. “Ficamos em quarto lugar, mas não estávamos nem aí pro resultado. E quando o Rogério veio falar com a gente eu não acreditei. Fiquei paralisado. O cara estava na minha frente e na maior humildade. Acredita que ele veio me pedir desculpas porque perdeu um pênalti contra o Bayern. Eu falei que ele não precisava falar nada, pois ele tinha muito crédito.”

Na primeira passagem pelo São Paulo como treinador, em 2017, o time não vinha bem no Brasileiro e Rogério Ceni acabou sendo demitido. “Quando recebi a notícia não acreditei. Comecei a chorar. O Rogério não teve tempo para trabalhar. Depois com mais calma, eu entendi e o Hernanes, o profeta, veio pra nos salvar do rebaixamento”, recorda Patrícia.

O casal Patrícia e Luiz Gustavo com Rogério Ceni Foto: Arquivo Pessoal


O casal está fechado com Ceni independentemente da decisão deste sábado. “Ele voltou e nos ajudou de novo no ano passado. O Rogério ama o São Paulo e o que ele já fez neste ano merece nossa confiança. Ele quer muito ser campeão”, avalia Patrícia. “Após a primeira passagem, o Rogério precisava de horas de voo e ele teve essas horas no Fortaleza e no Flamengo. Agora irá brilhar. Ele põe pilha nos jogadores e isso é muito bom”, acrescenta Luiz Gustavo, que em sua coleção tem mais de 300 camisas do São Paulo, sendo 200 só do ex-número 01.

Confiança é que não falta ao casal. “Estamos indo para trazer mais esta taça para o Morumbi. Será o primeiro título desde a criação do perfil e não iremos decepcionar nossos seguidores”, destaca o marido. Palpites? “Não gostamos de arriscar, mas abriremos uma exceção. Pra mim, 3 a 1″, aposta Patrícia. “Eu vou de 2 a 0″, emenda Luiz Gustavo. Em uma coisa, eles concordam: “Será o dia do Calleri. Ô, ô, ô, toca no Calleri que é gol”, cantam em uma só voz.

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