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Presidente do Cuiabá: ‘Corinthians está dando um golpe no futebol brasileiro’

Cristiano Dresch criticou situação financeira do clube alvinegro, que teve problemas para depositar parcelas referentes à contratação de Raniele

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Foto do author Murillo César Alves
Atualização:

Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, veio a público novamente criticar o Corinthians. O mandatário citou a crise financeira do clube, que continua somando atletas ao seu elenco, como o holandês Memphis Depay, mesmo em meio pendências com outros clubes – como é o caso da equipe mato-grossense. Para ele, o Corinthians está “dando um golpe no futebol brasileiro”.

“A situação do Corinthians é ridícula? O Corinthians está dando um golpe no futebol brasileiro. Porque não está pagando ninguém e está contratando jogadores, pagando R$ 4 milhões por mês por um jogador estrangeiro e não consegue pagar o Cuiabá. Que é muito menos do que eles vão pagar por mês por Depay”, afirmou o presidente do Cuiabá à Rádio Bandeirantes.

Dresch se refere à dívida que o Corinthians tem pela aquisição de Raniele, no início deste ano. Os clubes acertaram o pagamento em três parcelas, além da entrada, até julho de 2025, por 60% dos direitos econômicos do atleta. Em agosto deste ano, a primeira venceu e fez com que o Cuiabá cobrasse o clube na Justiça. À época, o Corinthians reconheceu a pendência e disse que a solucionaria o mais breve possível. O Estadão consultou o clube alvinegro sobre as declarações de Dresch, mas não obteve retorno até o momento. Caso ocorra, a matéria será atualizada.

Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, criticou a situação financeira do Corinthians. Foto: AssCom Dourado

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“A prestação de janeiro foi paga dias antes do início do Campeonato Paulista porque senão o Cuiabá não liberaria o registro no Boletim Informativo Diário da CBF. Infelizmente, a gente já previa que teria problemas com o Corinthians, até por isso colocamos uma cláusula com multa de 30% do valor total se houvesse atraso, além da antecipação de todas as parcelas a vencer”, afirmou Dresch à época.

O Estadão conversou com Dresch nesta segunda-feira e foi informado que a dívida em relação a Raniele ainda não foi quitada. O Cuiabá entrou com a ação, e o Corinthians reclamou do vencimento das parcelas. No entanto, segundo apontou o mandatário, ele está previsto no contrato assinado entre as partes, em janeiro.

Memphis Depay, citado pelo presidente, chegou ao Corinthians em setembro. A maior parte dos custos salariais foram bancados pela Esportes da Sorte, patrocinadora master do clube, que reservou R$ 57 milhões para a contratação de um jogador de peso para reforçar o elenco. Além dele, que chegou sem custos ao Brasil, já que estava livre no mercado após rescindir com o Atlético de Madrid, o Corinthians gastou mais de R$ 180 milhões com contratações nesta temporada.

Memphis Depay disputou quatro partidas desde que chegou ao Corinthians. Foto: Rodrigo Coca/ Agência Corinthians

“Se você pegar só o patrocínio da camisa do Corinthians e o que ele arrecada com placas publicidade, que os valores aumentaram muito por causa das casas de aposta, ele arrecada mais do que o nosso orçamento nosso orçamento”, aponta Dresch, ao Estadão. O orçamento do Cuiabá gira em torno de R$ 120 milhões, enquanto o Corinthians recebe cerca de R$ 100 milhões anuais somente com a Esportes da Sorte – R$ 309 milhões por três anos de contrato.

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Raniele não foi o único atleta que o Corinthians teve dificuldades para arcar as parcelas neste ano. Matheuzinho, contratado junto ao Flamengo, é um destes, que fez com que o clube rubro-negro acionasse o Corinthians em múltiplas oportunidades. Por isso, também, o time ainda não conseguiu selar a contratação de Hugo Souza, já que o Flamengo, que detém os direitos do atleta, exige novas garantias para liberá-lo em definitivo – ele está emprestado até o final deste ano.

Dresch defende também a criação de uma regra para evitar que clubes utilizem atletas mesmo sem quitar suas contratações – como ocorreu com Raniele. Além do volante, Deyverson, vendido ao Atlético-MG, também tem parcelas em débito. Dinheiro que, para o Cuiabá, é essencial para seguir na disputa contra o rebaixamento e investimentos no esporte. “Esse dinheiro faz falta no nosso fluxo de caixa. O caso do Corinthians é mais grave porque, além de não pagar, está praticamente na mesma faixa da tabela, mas ele conseguiu se reforçar de forma absurda nos últimos meses. Isso impacta diretamente no que vai acontecer ao final do campeonato”, afirma.

Precisa ser colocado algum tipo de regra. Um clube que não comprou um jogador, atrasou a parcela, não pode entrar em campo, ele não pode usufruir de um ativo que ele não pagou

Cristiano Dresch, presidente do Cuiabá, ao Estadão

Na Série A desde 2021, o Cuiabá passou por dificuldades neste ano, com a saída de dois treinador portugueses – António Oliveira e Petit. No entanto, o clube tem uma das menores dívidas do País e consegue “seguir com as suas próprias pernas”, gerando lucro nas temporadas. Isso faz com que o Cuiabá invista no seu Centro de Treinamento e na Arena Pantanal. Desde então, cerca de R$ 100 milhões foram investidos nesses setores.

“Nosso CT hoje conta como uma infraestrutura acho que, no Brasil, se equivale ao que Palmeiras e Flamengo tenham. Investimos em categoria de base, bem organizada, e no elenco profissional. Nosso objetivo é se manter na Série A. Se não conseguirmos, estamos nos estruturando nos próximos anos, para continuar crescendo”, afirma.

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