Como se não bastassem as dificuldades que a CPI da CBF/Nike encontrou para realizar o trabalho de investigações, com a suspensão da quebra de sigilo de vários depoentes, pelo Supremo Tribunal Federal (STF), e também as manobras da bancada da bola que inviabilizou votação de requerimentos, agora é a "operação apagão" que está limitando os trabalhos de conclusão do relatório. Por determinação da Mesa Diretora da Câmara, os trabalhos na Casa estão sendo encerrados às 19h00, e isso deixou o relator, deputado Silvio Torres (PSDB-SP), e os sub-relatores "de mãos atadas". Segundo Torres, "é possível que as previsões de que o relatório ficaria pronto na quarta-feira tenham de ser alteradas", admitiu. Outro complicador para que Silvio Torres deixe de entregar o relatório no dia 23, é que a maioria dos sub-relatores ainda não entregou seu trabalho. "Amanhã, vamos realizar uma reunião e avaliar alternativas", ponderou o relator. São os sub-relatórios que darão sustentação às propostas de Silvio Torres como a transferência do STJD (Superior Tribunal de Justiça Desportiva) e da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) para Brasília. "A Justiça Desportiva é composta hoje por nove membros, e os estamos reduzindo para sete. Além disso, eles precisarão ser formados em Direito. Também sugerimos a mudança da sede do Tribunal para Brasília", adiantou o deputado José Rocha (PFL-BA) responsável pela área de Legislação Esportiva. José Rocha também deve sugerir a criação de uma lei responsabilizando civil e criminalmente o dirigente esportivo que deixar dívidas ou praticar irregularidades na administração da entidade esportiva. Rocha deve recomendar que a União providencie terreno para construção do Comitê Olímpico e o STJD, em Brasília. A falta de transparência na contabilidade das entidades esportivas foi outra pedra no caminho da CPI. Segundo o deputado Doutor Rosinha (PT- PR), "o uso do dinheiro de federação e da CBF para campanhas eleitorais tem de acabar", protestou o parlamentar. Mas também "é preciso que os atletas se envolvam nesse controle", sugeriu Rosinha. Para o sub-relator a principal constatação é de "descaso total na organização administrativa e financeira. Existe total relaxamento ou relapso da maioria dos presidentes das federações", disse. Outra sugestão da CPI diz respeito à procurações assinadas por pais de adolescentes e que acabam facilitando a transferência de atletas menores para o exterior. "O relatório vai recomendar à FIFA para que ela exija, do jogador estrangeiro, registro no país de origem, de maneira a garantir o controle no Brasil de quem está atuando fora", afirmou o deputado Eduardo Campos (PSB-PE). O relatório final também deve sugerir controle externo das direções, na escolha dos membros do Conselho Fiscal de clubes, federações e da CBF. "Os conselhos fiscais são escolhidos pelos próprios diretores", protestou Silvio Torres.