O que pretendem Corinthians e Vasco ao entrar no STJD por mudança na data da Copa do Brasil? Entenda

Diretoria corintiana descarta ir à Justiça comum, mas entende que alteração fere regulamento

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Foto do author Rodrigo Sampaio
Atualização:

O Corinthians entrou com uma ação no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) contra a decisão da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) de mudar a data da partida de volta da semifinal da Copa do Brasil, contra o Flamengo, na Neo Química Arena. Originalmente, a partida estava marcada para 17 de outubro, mas foi adiada para o dia 20 por causa da Data Fifa e do calendário da Conmebol. O Vasco também apelou ao Tribunal por ser contrário à medida da entidade, que mudou o calendário do segundo confronto com o Atlético-MG.

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Em nota, o Corinthians cita que a alteração desrespeita o regulamento, “comprometendo a isonomia entre os clubes e, principalmente, colocando em risco a credibilidade das competições”. A esperança do Corinthians é de que o Tribunal restabeleça as datas da Copa do Brasil previamente acordadas pela CBF. Segundo apurou o Estadão, a diretoria descarta ir à Justiça comum.

“O Corinthians reforça a importância de que as decisões sigam o que foi estabelecido, em prol da preservação de um futebol brasileiro justo, competitivo e transparente. A integridade das competições deve ser prioridade, acima de qualquer influência externa, e o clube seguirá lutando para que o respeito ao regulamento seja mantido em todas as esferas”, manifestou o clube.

Corinthians, do presidente Augusto Melo, entrou com ação no STJD por causa de mudança de data na semifinal da Copa do Brasil.  Foto: Renato Pizzutto/Ag. Paulistão

Nesta segunda-feira, o Vasco entrou com uma medida inominada, com pedido de urgência, no STJD. O clube afirma que a alteração viola tanto a Lei Geral do Esporte quanto o Regulamento Geral de Competições (RGC), e foi realizada sem o consentimento da diretoria e de maneira contrária ao calendário previamente estabelecido. A diretoria vascaína espera que a CBF reestabeleça a tabela original, colocando os jogos de volta das semifinais da Copa do Brasil para o dia 16 ou 17 de outubro.

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Tanto Corinthians quanto o Vasco entendem que Flamengo e Atlético-MG estão sendo beneficiados com a mudança. Eles se baseiam no artigo 11 do capítulo 3 do RGC, referente às “Disposições Técnicas”. O tópico estabelece que “a convocação de atletas para integrar seleções nacionais não assegura aos seus Clubes o direito de alterar as datas de suas partidas em competições”.

Ainda de acordo com o regulamento, no artigo 13, é definido que “as tabelas das competições somente poderão ser modificadas, por solicitação da parte interessada”, descritas como “clube mandante, a federação mandante e a emissora detentora dos direitos de transmissão”. Assim, em nenhum dos casos o Flamengo poderia solicitar oficialmente uma mudança de data, e o mesmo se aplica ao Atlético-MG, que joga a segunda partida com o Vasco em São Januário, no Rio. Ao divulgar o calendário com as novas datas, a entidade afirmou ter conversado com os clubes. Corintianos e vascaínos afirmam que a alteração ocorreu sem a anuência de ambos.

O Flamengo pediu à CBF para adiar por entender que não haveria tempo ideal para a recuperação dos jogadores convocados na Data Fifa, tendo em vista que o período de jogos envolvendo seleções nacionais se encerra em 15 de outubro, dois dias antes da data inicialmente marcada para a partida de volta com os corintianos. Assim, eles teriam apenas 48 horas para recuperar os atletas que viajaram. O time rubro-negro teve Gerson convocado à seleção brasileira, e pode ter entre quatro e cinco outros jogadores convocados. O Corinthians, por sua vez, deve ceder três atletas (Martínez, Romero e Carrillo).

O Atlético-MG terá o lateral-esquerdo Guilherme Arana representando o clube com a camisa do Brasil, enquanto o chileno Vargas, o paraguaio Junior Alonso e o equatoriano Alan Franco também são possíveis convocados. Uma outra preocupação do clube, porém, é o calendário estabelecido pela Conmebol para a semifinal da Libertadores, com o River Plate, em 22 de outubro.

Como o clube mineiro já tinha compromisso marcado com o Fortaleza no dia 20, pelo Brasileirão, o time jogaria três partidas em menos de seis dias em três cidades diferentes caso o confronto da Copa do Brasil fosse marcado para o dia 17. O presidente do Vasco, Pedrinho, afirma que o time cruz-maltino já foi obrigado a entrar em campo em situação semelhante.

Segundo ofício publicado pelo diretor de competições da CBF Julio Avelar, “o regulamento geral prevê que clubes, dirigentes e atletas, ao participarem de competições organizadas pela CBF, reconhecem plenos poderes à entidade para deliberar sobre ”eventuais problemas e demandas que possam surgir no decurso das competições”. No documento, o dirigente afirma ainda que “recebeu o aval da detentora dos direitos de transmissão para alterar as datas das semifinais da Copa do Brasil”, e que a entidade “deseja reproduzir a experiência bem-sucedida com a modificação dos jogos das fases finais do torneio para o fim de semana”, assim como ocorreu com a final em 2023.

Em nota, a Federação Paulista de Futebol (FPF) prestou apoio ao Corinthians e em repúdio à CBF. “Tal medida afronta o Regulamento Geral de Competições da CBF, o que torna a medida inaceitável em qualquer âmbito. O ajuste provoca ainda impactos significativos em jogos do Campeonato Brasileiro, que vive momentos decisivos de disputas por título, por classificação para competições sul-americanas e contra o rebaixamento”, escreve a nota.

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Já o Atlético-MG criticou o movimento de Corinthians e Vasco. O clube mineiro entende que a mudança “restabelece os princípios da isonomia, da igualdade de oportunidades e do equilíbrio das disputas, previstos no Regulamento Geral de Competições da CBF”.

“O Galo lamenta que Vasco e Corinthians tenham acionado o STJD contra a referida alteração, atitude que contraria todos as diretrizes citadas acima, bem como os princípios da ética e do fair-play desportivo. A mudança no calendário em nada prejudica os dois clubes, que desejam apenas se beneficiar de ter adversários desfalcados de seus jogadores selecionáveis”, diz o texto, que também defende que é justo para as equipes contar com os atletas que servem às suas respectivas seleções, inclusive a seleção brasileira.

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